Era para ter 21 ou 22 ministérios no provável governo Michel Temer, serão entre 29 e 31, o que significa manter o tamanho atual. Cortes na Esplanada não resolveriam o déficit, mas dariam uma mensagem de mudança do tamanho do Estado em um momento em que o inchaço da máquina pública virou assunto tão popular quanto futebol.
Com menos ministérios, os ocupantes seriam ''notáveis'' com tal currículo que sua simples apresentação embutiria a volta da confiança. O auge da quebra de expectativa foi o ensaio da indicação do pastor Marcos Pereira para a Ciência e Tecnologia. Pegou tão mal que está em revisão.
Na economia, o mapa do caminho estaria no documento Uma Ponte para o Futuro, construído com empresários que se engajaram nas manifestações pelo impeachment. Até por isso, faltavam indicações sobre a área social, abrindo espaço para o discurso do ''desmonte'', combatido pelo ''áudio ao povo brasileiro'' e pela nova rota para o setor, A Travessia Social.
Na gestão, enfim, profissional da economia, seria possível avançar para um modelo de Banco Central independente, mais parecido com o dos Estados Unidos. A hipótese durou menos de uma semana, combatida por companheiros de montagem de governo.
Aliados de Michel Temer costumam dizer que recuperar o Brasil é simples. Bastaria fazer o contrário do que foi feito no governo Dilma e o que todos sabem que precisa ser feito e só não se fazia porque a presidente não acredita. Parece mais desafiador.
O virtual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem discurso rebuscado mas sabe da necessidade de comunicar ''medidas realistas e apresentadas de forma clara para que possam ser entendidas por toda sociedade'', como escreveu neste domingo em seu artigo na Folha de S.Paulo. Essa curta definição concentra a possibilidade de sucesso do novo governo e do futuro de curto prazo do país. Simples assim.