A empresário Simone Leite foi eleita, no final da tarde desta quarta-feira, a nova presidente da Federasul. Na primeira disputa eleitoral desde a criação da entidade, há 88 anos, ela superou Paulo Afonso Pereira. Recebeu 27 dos 55 votos do Conselho Superior da Federasul, formado por 55 conselheiros – nove não votaram.
Natural de Estância Velha, Simone, 38 anos, será a primeira mulher a presidir a Federasul, onde já atua como vice-presidente de Integração, desde a 2012.
Formada em Administração de Empresas, a empresária é diretora administrativo-financeira da Balanças Urano, de Canoas. Avisa que não quer ser chamada de "presidenta", mas de "presidente", e critica o machismo ainda dominante no Estado em 2016. A posse deve ocorrer no final de abril.
Confira, abaixo, entrevista concedida à coluna logo após o resultado oficial:
O que muda com sua eleição na Federasul?
Venho da base, fui por quatro anos presidente de uma ACI do Interior, em Canoas, uma das 230 ligadas à Federasul. Quero resgatar o sentimento de pertencimento dos líderes que estão atuando na base. Muitas vezes, se sentem isolados, têm a sensação de trabalhar sozinhos. Vou buscar novas lideranças no Interior, estou bem motivada a fazer isso.
Como será a convivência de ACPA e Federasul, que pela primeira vez terão presidentes diferentes?
A ACPA é uma entidade representativa no município de Porto Alegre. O Paulo Afonso fará um trabalho bem feito, mas será interessante definir os espaços, hoje não se sabe onde começa uma entidade e onde começa a outra. A Federasul é estadual, tem representação política e a missão de defender os empreendedores frente aos poderes Legislativo e Executivo.
Como vai tratar a polêmica durante a campanha, por sua candidatura ao Senado pelo PP?
Houve quem falasse que eu usaria a Federasul como trampolim político. Fui candidata sendo vice na Federasul. Acredito, então, que não preciso ter mandato político para fazer política. Uma entidade de classe precisa defender seus ideais. Não tenho projeto político. Meu desafio foi ser eleita presidente da Federasul. Sou superfeminista e o Rio Grande do Sul é um Estado machista, então é um grande desafio e uma grande responsabilidade. Houve certo preconceito, teve gente que disse que esse momento de crise política e econômica não seria o melhor para uma mulher, frágil, na presidência. Isso em 2016.
A Federasul não se posicionou sobre o impeachment. Sua futura presidente tem posição?
Já me posicionei nas redes sociais a favor do impeachment. Precisamos buscar novos caminhos para o desenvolvimento econômico, que passam pela saída da presidente Dilma, por tudo que se comprovou.