No final de semana em que o Brasil assiste à votação da abertura do segundo processo de impeachment em 24 anos, em uma fase de redemocratização que conta apenas três décadas, a coluna indica filmes que mostram superação de conflitos de todos os tipos – em torno da formação de um país, envolvendo aspectos bélicos, políticos, raciais.
Todos envolvem momentos em que a ruptura esteve presente ou próxima, chegou a ser uma ameaça imediata ou até a provocar danos reais, mas o esforço de composição levou a um novo estágio de relações.
O Leopardo (1963)
Uma das obras-primas de Luchino Visconti mostra a Sicília, durante o Risorgimento, conturbado processo de unificação italiana. O príncipe Don Fabrizio Salina testemunha a decadência da nobreza e a ascensão da burguesia. Famoso pela frase, do livro em que é inspirado, "tudo precisa mudar para que nada mude".
Os 13 Dias que Abalaram o Mundo (2000)
Aborda os bastidores da crise dos mísseis de Cuba, em outubro de 1962, com movimentação de mísseis soviéticos e navios dos EUA. Passa tanto pelo esforço de negociação e quanto pelas paranoias envolvidas em um conflito com potencial de destruição nuclear, um dos mais tensos do pós-guerra.
No (2012)
História do plebiscito que, em 1988, pôs fim à ditadura de 15 anos comandada por Augusto Pinochet no Chile. Aborda a curiosa opção por uma linguagem mais publicitária do que política e a eficiência de um tom menos conflituoso no encaminhamento para uma situação tensa.
Selma (2014)
Reproduz as marchas lideradas pelo pastor Martin Luther King na cidade de Selma, no interior do conservador Alabama, sul dos Estados Unidos e os conflitos gerados. A manifestação tinha como objetivo garantir o direito irrestrito ao voto para a população negra, há pouco mais de 50 anos.