A semana dominada por dados preocupantes do mercado de trabalho – número recorde de brasileiros em busca de emprego e pior resultado mensal para vagas formais no país – também trouxe algum alento. O indicador do Banco Central para o nível de atividade veio menos pior do que o esperado: a economia segue em queda, mas a um ritmo menor.
O IBC-Br mostrou mais um recuo de 0,29% – o 14º seguido –, mas analistas previam queda maior, na faixa de 0,59%. Nada que possa ser considerado reação, mas é um sinal de “despiora”, caso se repita e não seja um fenômeno pontual.
A tese defendida à coluna por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro de FHC, de que a desaceleração da inflação abre espaço para ações corretivas, tem ganho adeptos, como mostrou reportagem do jornal Valor publicada nesta sexta-feira. O pior teria passado para o setor privado.
É cedo para chancelar a tese com razoável grau de segurança. Desde que o Brasil mergulhou oficialmente em recessão, houve sinais positivos que foram apenas breves tréguas da tempestade. Mas é melhor ter indícios de esperança do que só motivos para desesperar.
O cruzamento da piora no mercado de trabalho em nível nacional e a redução da pressão inflacionária pode atuar no sentido de criar condições para um corte no juro básico pelo Banco Central. Mas até os otimistas avaliam que isso não ocorre antes de junho. Para a reunião da próxima quarta-feira, há pouca expectativa de um alívio na taxa básica. Antes da decisão que pode diminuir a pressão sobre o emprego, o BC tem de consolidar a desaceleração da inflação. Mas é bom ter em mente que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pode vir a ser a última do governo Dilma. A próxima está marcada para o início de junho.