Aos 80 anos e na presidência de uma empresa especializada em previdência, Nilton Molina está à frente de um novo projeto que pretende ampliar a discussão sobre a aposentadoria e o envelhecimento da população.
O Instituto de Longevidade será lançado nesta terça-feira em São Paulo. À coluna, o empresário falou sobre a proposta da entidade e a situação da previdência brasileira. Leia abaixo:
Qual o objetivo do instituto?
É a proposição de estudos das consequências sociais e econômicas da longevidade. É um assunto que tem de estar mais em pauta. A nossa previdência é pensada para quando as pessoas viviam até os 60, 70 anos. Hoje vivemos até os 90. Como se resolve isso? Quem paga essa conta? Teremos cada vez menos jovens e menos trabalhadores ativos. A equação não fecha.
O que terá de proposta concreta?
O instituto cria um movimento, o Real.Idade, que já tem propostas bem estruturadas. Uma delas é a criação de um índice, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), que classifica as melhores cidades brasileiras para o idoso, levando em conta diversas variáveis. Será um índice anual. A outra é um projeto de lei sobre o trabalho do idoso.
O que prevê o projeto?
Será apresentado no mês que vem. Ele cria o Regime Especial de Trabalho do Aposentado (Reta). Com o idoso vivendo mais 30 anos, na média, precisa de renda para se sustentar, precisa trabalhar. A lei cria condições especiais para essas pessoas e para as contratantes. Funcionaria, mais ou menos, como os estágios. O funcionário não trabalharia mais de cinco horas por dia, e a empresa não poderia ter mais de 5% da folha composta por esses empregados.
Qual a solução para a previdência?
O Brasil é um ponto fora da curva no aspecto previdência, mas não porque o sistema é ruim, e sim porque é muito bom. O seguro social brasileiro admite que um "jovem" de 50 e poucos se aposente com o teto do INSS. A reforma é inevitável, se não, seremos uma Grécia ou uma Itália amanhã. O governo criou coragem para falar nisso agora.
A proposta da idade mínima de 65 anos para se aposentar é positiva?
Tem de mexer na idade mínima. Mas tem de ser um processo mais gradual, primeiro se coloca em 54 anos, depois, 55, 56, até chegar aos 65. Também precisamos mexer nas pensões, dar menos regalias. Os privilégios das mulheres precisa ser avaliado. Hoje, elas contribuem menos, aposentam-se antes, mas vivem mais do que os homens.