Se a economia real cambaleava antes do agravamento da crise política, nesta semana afundou ainda mais na areia movediça das posses e cassações, revelações, protestos e manifestações a favor do governo. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, até tentou falar – para insistir na CPMF –, mas ninguém prestou atenção.
Enquanto isso, nos mercados de ações e de câmbio, um inusual fluxo de dinheiro trocou de mãos em meio à montanha-russa de humores e emoções. A bolsa recuperou os 50 mil pontos e o dólars retornou para o patamar abaixo de R$ 3,60. Mas é importante lembrar que, se a fragilização do governo alivia os investidores, os problemas econômicos do país seguem longe da solução.
É por esse motivo que mesmo entidades empresariais que não pediram impeachment ou renúncia de Dilma Rousseff – caso, ontem, de Fiergs, FCDL e CDL Porto Alegre – pedem urgência na solução da crise. Algumas, como a CIC de Bento Gonçalves, acrescenta “mesmo que isso signifique o segundo impeachment na história recente do Brasil”.
Presidente do sindicato das indústrias metalmecânicas do Estado e um dos vice-presidentes da Fiergs, Gilberto Petry diz que, enquanto as medidas não são tomadas, “as empresas sangram”. Embora afirme que vai manifestar sua posição na reunião do conselho da Fiergs, na próxima terça, não quer adiantar qual é. Mas avalia:
– O problema é que a presidente Dilma não tem mais credibilidade para governar. Enquanto isso, as empresas deixam de vender, as pessoas perdem o emprego, grandes companhias que pareciam imunes à crise enfrentam ameaças à sobrevivência.
Agora que todos se manifestaram, amarelos e vermelhos, democrática e (mais ou menos) pacificamente, é preciso começar a pensar em soluções. Com Dilma, com Temer ou com quem for. A população tem direito e dever de se manifestar, mas o assembleísmo não embute a gênese da solução. Como adverte a nota da FCDL, “o futuro não se alimenta de palavras de ordem”. E, a coluna acrescenta, o presente tem fome de respostas.