Depois de muito tempo sem anunciar investimentos relevantes no Brasil, a Braskem aprovou na semana passada – mas acaba de informar ao mercado – que seu conselho de administração aprovou projeto de R$ 380 milhões para permitir flexibilidade no uso de até 15% de etano como matéria-prima na central petroquímica da Bahia. Etano é um derivado de gás e, por muito tempo, um dos diferenciais competitivos da Dow – que agora consta nas especulações de interessadas na compra da fatia da Petrobras na Braskem – na América Latina. Além da adaptação para uso do novo insumo, estão incluídos no projeto a modernização da unidade industrial e a adequação da infraestrutura portuária. O cronograma de implantação é curto: o início das operações está previsto para o segundo semestre de 2017.
O etano para ser usado na unidade virá dos Estados Unidos. A Braskem já assinou contrato de fornecimento com uma empresa afiliada à Enterprise Products Partners L.P., com prazo de 10 anos e preço baseado na referência internacional Mont Belvieu, cidade do Texas situada quase no centro do Golfo do México, com grandes complexos de refinarias, também relacionada à produção de shale gas (gás de xisto), por isso relacionada à produção do combustível. Esse projeto faz parte da estratégia da Braskem de diversificação de sua matriz de matéria-prima com foco no aumento da sua competitividade e da cadeia petroquímica brasileira.
No final do ano passado, a Braskem inaugurou um projeto de US$ 3,2 bilhões no México, em parceria com a local Idesa, baseado na disponibilidade e na competitividade do gás. Até agora, todas as unidades da Braskem no Brasil, incluindo a de Triunfo, usam como matéria-prima a nafta, derivado de petróleo fornecido pela Petrobras – e fonte de constantes estresses nas renegociações dos contratos de fornecimento.