A Souza Cruz anunciou há pouco que vai encerrar parte de suas atividades em Cachoeirinha, especificamente as que envolvem a produção de cigarros. Conforme a empresa, a decisão é ''resultado da imposição de sucessivos aumentos de impostos para o setor, principalmente IPI e ICMS''.
No detalhamento do que considera ''aumento excessivo", a empresa cita a elevação de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos últimos quatro anos, que acumula 110%, chegando o ajuste a 140% nas marcas de menor preço. Na última semana, este percentual foi novamente aumentado, em função da aprovação pelo governo federal de novo ajuste de 14% na alíquota do imposto, sendo 7% em maio e 7% em dezembro.
Ainda conforme a Souza Crua, a carga tributária chegará a 80% do valor de cada maço e terá impacto direto no valor de venda dos produtos, incentivando os consumidores a buscar alternativas de menor preço, especialmente no mercado ilegal. O contrabando, segundo a empresa, detém no Brasil 31% do mercado total – percentual superior ao do segundo maior competidor formal do país.
A empresa ainda destaca que considera a situação "ainda pior" na Região Sul – destino da maior parte da produção da fábrica de Cachoeirinha – onde os índices do mercado ilegal chegam a 43,3% no Rio Grande do Sul e 52,8% no Paraná.
Nas contas da Souza Cruz, entre 2011 e 2014, graças à prática de preços baixos pelo não pagamento de impostos, o volume contrabandeado deu um salto de 39,4%, percentual que representa 9,3 bilhões de cigarros, equivalente a cerca de 75% da produção anual da fábrica de Cachoeirinha.
E a empresa afirma, em nota: "É pelo agravamento deste quadro que a Souza Cruz se viu forçada a tomar atitudes que sempre tentou evitar, como o encerramento das atividades da fábrica de Cachoeirinha."
As atividades do Centro de Desenvolvimento de Produtos, em Cachoeirinha, da Usina de Processamento de Tabaco, em Santa Cruz do Sul, e da Central de Distribuição, em Porto Alegre, serão mantidas, com cerca de 1,5 mil empregos – número que praticamente dobra no período de safra. A Souza Cruz também adianta que, ''em reconhecimento à relevância da Região Sul no suprimento de tabaco para todo o mundo'', o Rio Grande do Sul se tornará um Centro de Excelência em Tabaco para a British American Tobacco (grupo controlador da Souza Cruz), concentrando atividades de pesquisa, em Cachoeirinha, e de operações, em Santa Cruz do Sul.
Cinquenta funcionários serão realocados para outros postos e 190 colaboradores da unidade serão desligados, "mesmo com todos esforços para manter o máximo de colaboradores em seu quadro". Souza Cruz esclarece, ainda, que envidou todos os esforços possíveis no diálogo com o poder público, em busca de uma alternativa que evitasse medida tão drástica como o encerramento das atividades da fábrica. Infelizmente, as razões apresentadas não foram suficientes para conter mais uma onda de elevação da carga tributária, que só virá a beneficiar o mercado ilegal.