Salvo uma inesperada notícia positiva, como um possível acordo para cortar a produção de petróleo, não são desprezíveis as chances de ressaca e volatilidade na reabertura do mercado brasileiro nesta Quarta-Feira de Cinzas, após o recesso de Carnaval. Enquanto a bolsa de São Paulo ficou fechada nos dois primeiros dias da semana, predominou o pessimismo nos pregões da Europa e do Japão. Nos Estados Unidos, os índices até tentaram se recuperar e fecharam quase estáveis, mas no acumulado da semana permanecem no vermelho.
Além das preocupações com a desaceleração da economia global e a queda do preço do petróleo, as inquietações começaram a atingir grandes bancos europeus. Nesta segunda-feira, um dia após queda de 10% nas ações do Deutsche Bank, o co-presidente-executivo do banco alemão, John Cryan, enviou comunicado aos colaboradores garantindo que a instituição, uma das maiores da Europa, permanece sólida. O simples fato de um grande banco ter de reafirmar saúde financeira já causa desconforto no mercado.
A turbulência na Europa foi intensificada ainda por dúvidas quanto ao desempenho de mineradoras. Para completar, o relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) aponta poucas chances de reação das cotações do petróleo. Não há sinais concretos de acordo para diminuir a oferta e, pelo contrário, o Iraque atingiu novo recorde de produção em janeiro e a Arábia Saudita também emite sinais de aumento da extração, assim como o Irã.
Outro evento da agenda semanal capaz de mexer com a direção do mercado é o pronunciamento, hoje, da presidente do banco central americano (Fed), Janet Yellen. A expectativa é por sinais mais claros quando à possibilidade de os Estados Unidos voltarem a elevar o juro em março ou nas próximas reuniões ao longo de 2016.
O mau humor não se resume ao Brasil, que até vem de duas semanas de alta após forte sequência de queda. Tanto no ano quanto em 12 meses, nenhuma das principais bolsas mundiais está no azul.