Depois de reunião entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, autoinstalado também no papel de porta-voz oficioso desde a virada do ano, achou por bem avisar, nesta quarta-feira, que o governo “não tem coelho na cartola”. E vai seguir buscando o equilíbrio macroeconômico e fiscal. Conforme Wagner, o Planalto não trabalha com nenhuma “solução mágica” para a economia e quem tem essa expectativa vai ficar esperando truques em vão.
– Muita gente fica perguntando quando sairá a grande notícia. Nós não estamos mais em tempos de pacotes e grandes notícias – disse Wagner no terceiro dia útil do ano, depois de um encontro de reaproximação com o vice, Michel Temer.
Foi o próprio governo que vazou a intenção de adotar medidas para dar um gás à economia, supostamente debilitada pelo excesso de foco no ajuste de Joaquim Levy. E isso que se dizia que Wagner era o homem de Lula no Planalto. Da reunião de terça-feira à noite entre Lula e Dilma, o que se soube é que o ex-presidente teria pedido, exatamente, “medidas concretas” para estimular a economia. Tanto que até os juros futuros perderam altitude, em dúvida sobre o tamanho da alta na taxa básica esperada para dentro de 13 dias.
O ministro afirmou que os colegas da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Valdir Simão, estão “cuidando das ações para a retomada da economia”, mas insistiu que não haverá nada “bombástico”.
O discurso de Wagner é correto: mágicas sem lastro, a essa altura, fariam mais mal do que bem ao Brasil. A questão é se o novo porta-voz discursa para a plateia ou fala a verdade. Esse será o primeiro jogo a vencer para o Planalto na tentativa de reerguer a economia: recuperar a credibilidade. A fase interativa 2016 do ministro começou com uma admissão de erros, a uma rádio de Salvador. Que siga assim.