Tombos estrepitosos nas principais bolsas do planeta transformaram a sexta-feira em uma interrogação: é mais um desmaio passageiro ou está em curso um ajuste severo no mercado internacinal de capitais? Três justificativas dominaram a explicação de quedas perto de 3% na Europa e nos Estados Unidos: a queda livre na cotação do petróleo, ainda o medo da desaceleração na China e agora até uma redução de ritmo nos Estados Unidos. O que era uma provocação de George Soros – o cheiro de 2008 no ar – virou debate aberto nos mercados.
No Brasil, uma frase infeliz sobre a Petrobras da presidente Dilma Rousseff, e sua interpretação ainda mais infeliz adicionaram estresse no mercado, mas a bolsa fechou em linha com outros pregões internacionais. Dilma desconversou ao responder sobre uma possível capitalização – injeção de dinheiro do controlador, a União – e a informação que saiu foi “não descarta capitalização”. Não descartou nem capitalização, nem decapitação, nem coisa alguma. Mas bastou para acender o rastilho de inqueitação que cerca a maior estatal brasileira acossada por desvios, endividamento e a queda na cotação do petróleo.
Foi preciso que o diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro, desse uma entrevista para assegurar que a capitalização não está no radar e admitisse a venda de outra subsidiária, a Transpetro – assim como a BR Distribuidora e a fatia na Braskem –, para aliviar a dívida de R$ 500 bilhões. Não impediu que os papéis mais negociados da estatal devolvessem a valorização do dia anterior, com queda perto de 9%. O problema é que, em momento de queda na cotação do óleo, vender ativos relacionados ao segmento é pedir para perder dinheiro. E maior problema ainda é não ter opção.
A Petrobras precisa encontrar uma forma de reduzir o pesado endividamento em um momento especialmente delicado. Se petróleo caro só é bom para as petroleiras, muito barato é sinal de encrenca planetária. A queda causa prejuízo a grandes bancos globais, provoca perdas em cascata no mercado financeiro e reforça aquele odor a 2008 que ninguém quer sentir de novo.