Na semana que os animais invadiram o noticiário econômico, a coluna faz um guia de zoonomics para ajudar, de forma divertida, a entender que bicho vai dar... Em reportagens sobre a decisão do Banco Central (BC) sobre o juro básico, uma das mais fundamentais de 2016, jornais citam, sem se dar muito ao trabalho de explicar, tendências hawkish (de falcão) ou dovish (de pomba) dos diretores do BC.
E justo no raro dia deste ano em que a bolsa brasileira conseguiu emplacar uma alta, o jornal britânico Financial Times resolveu incluir o país no que chama de ''bear club'' (clube do urso). Para ajudar a se situar nessas selva, a coluna apresenta as principais espécies relevantes para o ecossistema econômico, que inclui até algumas imaginárias.
Falcão
Do inglês ''hawk'', refere-se a quem considera a inflação baixa a prioridade na política monetária, portanto defende elevação de juro. A dualidade falcões x pombos faz mais sentido nos EUA, onde o banco central tem duplo mandato: manter a inflação sob controle e o desemprego mais baixo possível. A expressão ''hawkish'' pode ser a simples adjetivação do substantivo ou sugerir que a pessoa é "um pouco" falcão.
Pombo
Do inglês ''dove'', é o oposto do falcão, ou seja, quem é mais crítico do juro alto e tem foco nas consequência da elevação da taxa, como o desemprego. ''Dovish'', por extensão, é quem pensa, defende ou age com essa prioridade. Nos EUA, existe outra designação zoológica para quem está no centro, ''pigeon'', que é uma espécie de pombo maior.
Touro
A estátua de um grande touro em frente à Bolsa de Nova York não deixa dúvidas: é o símbolo do mercado de capitais em alta. ''Bullish'' é o termo usado para designar os otimistas com o futuro do mercado. O animal foi escolhido como símbolo porque, ao atacar, touros jogam suas vítimas para o alto com os chifres – no mesmo sentido dos gráficos ascendentes.
Urso
Mais realista, a bolsa de Frankfurt tem estátuas dos dois animais, touro e urso. Este é o símbolo do mercado em baixa. ''Bearish'' é o termo usado para se referir a quem está pessimista com o mercado. O urso costuma atacar levantando-se nas patas traseiras e usando seu peso, de cima para baixo – desenho do gráfico de ações em queda – para dominar a vítima.
Tigre
Associado a países com crescimento rápido e políticas mais favoráveis ao livre mercado – baixos impostos, políticas mínimas de Estado de bem-estar, economia focada em exportações – mas também algum grau de intervenção estatal. O conjunto mais famoso é dos Tigres Asiáticos ( Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan), mas a Irlanda foi designada com Tigre Celta antes de entrar em crise.
Tubarão
Todos conhecem a acepção mais popular, que se refere a alguém com muito dinheiro, mas no mercado de capitais a expressão ''shark'' vai além. Um tubarão no mercado acionário ou de títulos é alguém focado em altos ganhos, sofisticado e agressivo, que não hesita em explorar a fraqueza dos demais participantes do mercado para ganhar.
Cervo albino
Nas empresa tecnológicas de ponta, são profissionais com formação que não é a mais convencional para o segmento em que a companhia atua, mas assumem posições de poder, como os desenhista industriais na Google. Esse tipo de especialista é designado como cervo albino, um animal que existe de fato, mas é muito raro.
Unicórnio
É um termo originado no mercado de investimento e capital de risco dos Estados Unidos para designar startups – na origem, tecnológicas, mas hoje o conceito se estendeu a outros segmentos – que atingem valor de mercado estimado de US$ 1 bilhão. Os exemplos mais citados são Uber, Xiaomi, Airbnb e Snapchat – todas avaliadas em múltiplos de bilhões.