A provocação feita pelo consultor em governança corporativa Herbert Steinberg, paulista que conhece o Rio Grande do Sul no detalhe – “esse é o único Estado em que as pessoas não só cantam o hino estadual em vez do nacional, mas choram enquanto cantam” – deve ser levada sério.
Assim como constata que Gramado ultrapassou Campos do Jordão (SP) como destino turístico no Brasil, o consultor considera “visível” a deterioração do ambiente econômico do Estado. E, o que considera pior, não vê surgir entre os líderes gaúchos, tão aguerridos, reação à altura do desafio pelo qual passa o Rio Grande do Sul.
– Todo o país está vivendo uma transformação peculiar, um tsunami. Mas é preciso começar a pensar no que fazer depois do tsunami. Não se trata de buscar salvadores da pátria, mas articular um plano para o futuro – argumenta.
E cutuca, sem dó:
– Cadê o orgulho gaúcho?
Steinberg conhece boa parte da elite empresarial do Estado e se espanta ao ver, em Goiás, ecos dos ensinamentos de algumas das maiores companhias com origem no Rio Grande do Sul, enquanto aqui o desenho do futuro parece sem esboço nem perspectiva. O consultor ajudou empresas locais a fazer investimentos no Nordeste por exigência logística e constata que Estados por lá oferecem um cardápio mais claro das oportunidades:
– O modo de 2016 é a sobrevivência, e não há pecado nisso, é necessário para voltar ao jogo. Pode levar 10 anos para recuperar, mas é preciso saber onde chegar.