Entre os trabalhadores, a saída dos japoneses da sociedade na Ecovix (Engevix e Funcef/Caixa) não é motivo de preocupação. O que inquieta o sindicato local dos metalúrgicos, conforme o vice-presidente Sadi Machado, é a presença do Banco Plural no estaleiro:
– O papel deles é vir, colocar a empresa em dia e depois vender. Isso sim pode impactar os trabalhadores.
Segundo Machado, desde que a Petrobras criou em dezembro passado uma conta vinculada – mecanismo semelhante ao que foi adotado antes da quebra da Iesa, em Charqueadas – e passou a responder pelo pagamento de terceirizados e ''quarteirizados'', osfuncionários passaram a receber em dia.
Na empresa, havia boatos sobre a iminente saída dos japoneses, e também existem temores de que o futuro da Engevix seja semelhante ao da Iesa, mas Machado avalia que a empresa não deve quebrar, por ter outros negócios andando com regularidade. Também pondera que o consórcio formado por Engevix e Funcef é apenas o operador do Estaleiro Rio Grande, que pertence formalmente à Petrobras. A estatal, portanto, teria ''responsabilidade solidária'' por tudo que ocorre com os trabalhadores.
Coordenador do Comitê de Competitividade de Petróleo, Gás e Energia da Fiergs, Marcus Coester observa que o momento é ''trágico'' para a indústria de óleo e gás, em decorrência da queda do preço do barril e das consequências da Operação Lava-Jato, mas considera a decisão da Mitsubishi um ''movimento coerente'' para se afastar da ''confusão geral''. Qualquer que seja a empresa que venha a assumir as operações no Estaleiro Rio Grande, avalia, será muito bem recebida pela Fiergs. Pondera, ainda, que se os chineses se interessarem pelo negócio, será para manter o investimento no polo naval gaúcho, não para encerrar as atividades em Rio Grande.
– Os chineses são mais pragmáticos, não estão interessados em localização, mas na dominação de determinados setores. E hoje a China é a maior produtora de navios do mundo – pondera Coester.