Temida desde o final do ano passado, a tal tempestade perfeita parece cada vez mais um boletim meteorológico: a frente de instabilidade havia perdido força, mas as nuvens se reagruparam nesta semana complexa, dentro e fora das fronteiras. Qual é sua cifra preferida? Em ordem decrescente, R$ 20 bilhões da ação contra Vale, BHP e Samarco, R$ 10 bilhões de bloqueio no orçamento federal, R$ 2,7 bilhões que fugiram do Pactual ou R$ 1 bilhão que a Andrade Gutierrez pagará em multa para voltar ao mercado? Tudo em um país que deve ter décifit de R$ 119,9 bilhões no ano.
O turbilhão interno de cifrões encontrou o ciclone extratropical vindo da China e voltou a fazer estragos no mercado, nesta sexta, com bolsa fechando em baixa de 2,7% e dólar de volta ao patamar de R$ 3,80, com alta de 2%.
Como o Brasil, a China está em meio a uma investigação que ontem atingiu a quarta maior corretora do país. A bolsa de Xangai caiu mais de 5% e contribuiu para azedar o humor por aqui – como se precisasse.
Se ainda não é perfeita, é uma tempestade com MBA. Só falta a confirmação do início da alta do juro nos Estados Unidos, que pode ocorrer dentro de 15 dias.
É em meio a esse cipoal de más notícias que desembarca no Brasil, na próxima semana, uma equipe técnica da agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Para a S&P, o Brasil já perdeu grau de investimento. O risco é de, se a agência fizer um novo rebaixamento, forçar as outras duas grandes globais, Fitch e Moody’s, a revisar a nota. Qualquer movimento representaria a perda da segunda nota em grau de investimento.
E aperfeiçoaria a tempestade.