Do final de setembro, quando testou o limite de R$ 4,25, até esta quinta-feira a cotação do dólar recuou 12%. O valor de R$ 3,73 é o mesmo do início de setembro, antes da retirada do grau de investimento pela Standard & Poor’s. Essas semanas de trégua no Brasil foram coroadas pelo desmonte da pauta-bomba, que serenou o mercado de câmbio, de capitais e de juros, que ficam nervosos quando a incerteza se acentua. E o cenário externo também ajudou.
Na quarta-feira, a publicação da ata do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, já havia sido interpretada como um bom sinal: o juro vai subir, mas devagar. Quem examina a situação dos EUA assegura que não existe “risco Volcker” – no início da década de 1980, uma alta brusca na taxa americana mergulhou a América Latina na crise da dívida.
Do tamanho e do ritmo da alta para normalizar a taxa de juro nos EUA depende boa parte do futuro do câmbio no Brasil. Se for grande e rápida, vai acionar o ímã de dólares para o porto seguro dos investidores. Se for gradual e moderada, como deu a entender a ata do Fed, ampliará o espaço para buscar alternativas de ganho maior em países ''mais arriscados'' como o Brasil de 2015.
Se não há motivo concreto para festejar alguma melhora de cenário no Brasil, existem elementos para falar, informalmente, em “despiora”. É um pouco difícil compartilhar do otimismo quase manteguiano do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que vê a inflação começando a ceder, mas é fato que o refluxo do dólar também dá um alívio nos preços. E um tempo precioso para o governo fazer seu dever de casa. A crise política refluiu. É hora de fazer as coisas certas. Se não, volta tudo.