A combinação do estresse político com a inquietação financeira levou o dólar a testar patamares mais altos no último dia de novembro. A cotação da moeda, que há menos de 10 dias havia retornado para o nível anterior à retirada da nota em grau de investimento do Brasil, abaixo de R$ 3,70, voltou nesta segunda-feira para perto de R$ 3,90. Foi empurrada pela confirmação do corte no orçamento federal, de R$ 11,2 bilhões, e pelo aumento da tensão sobre o do BTG Pactual.
Como se temia, diante da aparência frágil da justificativa para a prisão do agora ex-presidente do banco, André Esteves, há mais indícios que podem levar ao aprofundamento das investigações. Os sócios tentaram fazer sua parte, mudando a diretoria e o conselho, e encaminhando a venda de participações para reforçar o caixa da instituição, mas a cada nova informação crescem as dúvidas sobre a capacidade de o Pactual se manter à tona.
Embora analistas não vejam risco sistêmico, nem o final nem o início da semana foram auspiciosos para o destino da empresa. A manutenção da prisão de Esteves, a abertura de novas frentes de investigação com suspeitas sobre outro sócio, até há pouco responsável pela área de private equity (compra de participações minoritárias em empresas) e até o indiciamento, pela Operação Zelotes, de sócios da MMC, empresa que representa a Mitsubishi no Brasil e tem participação do banco, fermentam temores e incertezas.
Se, por um lado, o fato de o Pactual não ser um banco de varejo, que trabalha com público em geral, contribui para reduzir o risco de corrida a saques, por outro, o segmento financeiro, em que se movem clientes e parceiros do banco de investimento, é pródigo em especulações. O corte bilionário no orçamento poderá ser revertido, caso o Congresso decida trabalhar. Reverter o tsunami de más notícias sobre o Pactual não é impossível, mas será mais complexo.