O cara é verborrágico, escalafobético, espaçoso, genial e genioso: Peninha, o Eduardo Bueno, 59 anos, estreia como colunista de Zero Hora e GaúchaZH no dia 24 de novembro. Toda sexta-feira, na página 4 do jornal e nos meios digitais, você encontrará um texto inédito e exclusivo desse jornalista e escritor cujo perfil pode conter uma centena de hipérboles: maior fã de Bob Dylan do mundo, mais fanático torcedor do Grêmio do planeta Terra e por aí vai. Para apresentá-lo a vocês, fiz uma entrevista com o Pena por WhatsApp.
Tu conseguirias te apresentar aos leitores de Zero Hora em meia dúzia de frases?
Mas é claro, e com todo o prazer, felicidade, desprendimento e largueza, até porque, além de o poder de síntese se impor como uma de minhas maiores qualidades (dentre as quais evidentemente pontifica a modéstia), uma das minhas maiores influências é a obra do escritor norte-americano Jack Kerouac, famoso por frases que se prolongavam por duas, às vezes até três, páginas, já que ele ficou famoso por sua "implicância com pontos finais", preferindo sempre o uso das vírgulas e dos travessões, e, embora eu não possa, nem queira, dizer que aprimorei a técnica do mestre, me vejo na agradável continência de revelar que acrescentei a ela colchetes e parênteses (de forma a desenvolver um estilo que bem se poderia chamar de parentético, graças ao qual consigo, com muita facilidade e fluência, contar tudo nos mínimos detalhes, raramente ultrapassando meia dúzia de frases, embora seja forçoso admitir que algumas delas se prolongam por cerca de seis páginas); de todo modo, como ia dizendo, julgo que, para me apresentar de forma mais adequada e objetiva aos leitores de ZH, seria imprescindível retroceder ao instante em que ocorreu o chamado Big Bang (a explosão cósmica que deu origem a tudo – inclusive a mim); no entanto, como o jornalismo é uma arte mais pedestre e a brevidade uma de suas características mais tonificantes, procurarei ser sucinto, o que torna mais apropriado avançarmos rapidamente para iniciar meu perfil no momento em que o Homo (e a mulher) sapiens surge nas árduas planícies da Etiópia e... O quê? Nem comecei e já estou sendo censurado pela direção? Não vão me deixar terminar? Faltavam apenas quatro frases para que chegássemos ao momento em que nasci, aqui mesmo, em Porto Alegre, por volta das 5h5min do dia 30 de maio de 19...
O que os leitores podem esperar das tuas colunas?
Podes antecipar sobre o que vais escrever?
Budisticamente, sugiro que não esperem nada. Dessa forma, tudo o que vier será lucro. Até porque de fato escreverei sobre tudo: história, memória, literatura e o tecido de que são feitos os sonhos; mas, sobretudo, pretendo optar por temas leves e despretensiosos, que não gerem polêmica nem me envolvam em confusão, tais como o confronto entre esquerda e direita, aborto, racismo, feminismo, transexualidade, Lula 2018, Huck 2018, liberação das drogas, cotas, o juiz Sergio Moro, as redes sociais, a candente questão "foi golpe-não foi golpe" e, é claro, os salários do Judiciário, meu assunto favorito, sem mencionar, é óbvio, a imparcialidade da grande imprensa.
Por que não vais escrever sobre futebol?
Porque não misturo sagrado com profano.
Por que tu chamas Zero Hora de "meu jornal"?
Ué, mas Zero Hora não pertence a todos nós, assinantes? A propaganda não dizia "Já leu a sua Zero hoje?"? Bom, agora falando sério – embora meu contrato virtualmente me proíba de fazê-lo: tenho uma relação umbilical com Zero Hora, foi aqui que nasci para o jornalismo, há quase meio século. E essa é uma história que fatalmente vou contar. Em meia dúzia de frases, é claro – de seis páginas cada...
Por fim, o que gostarias de dizer aos leitores que vão ler esta entrevista?
Que eu adoraria estar no lugar deles e poder me ler sem, antes, ter que escrever...