Em um grupo, se alguém diz que sente uma energia positiva entre eles, é possível que os outros fiquem mais motivados e façam melhor a tarefa. Funciona desde que nenhum chato pergunte que energia é essa. Não adianta dizer que as vibrações estariam a favor do grupo, pois o chato perguntará o que são vibrações.
O chato não se dá conta de que energia e vibrações são metáforas para estados de espírito. Na falta de palavras específicas, inventamos algo aproximado. É assim que funciona a linguagem, mas devemos nos dar conta de que são metáforas. A energia, no caso, é a magia fraterna que surge quando um grupo está afinado.
A confusão acontece quando alguém acredita que a tal energia exista. Daqui surgem as pedras que captam energia, as pirâmides que alinham a energia com o cosmos. Enfim, o triste casamento de conceitos científicos com o esotérico.
O termo da vez é o quântico, às vezes como substantivo para abreviar mecânica quântica. Qualquer coisa quântica seria ótima, atual e estaria em consonância com as últimas descobertas. Como sempre, qualquer lero-lero que queira dar ar de seriedade a seus saberes duvidosos usa um palavreado científico. Se o assunto não estiver referido a partículas subatômicas, o que temos é maionese quântica para sanduíches de teorias exóticas.
Podemos dar um desconto para o salto quântico enquanto metáfora para uma mudança, quando algo, ou alguém, por alguma razão, ficaria situado em um patamar acima. O que está correto em parte, pois o salto de elétrons para outra órbita é assim, mas pode ser também um decaimento para um nível abaixo. Não seria errado dizer que um time pode dar um salto quântico para a segunda divisão.
Se pudesse mandar na língua, usaria o quântico para dizer que, em certas medições, o efeito de aferir interfere no resultado. Assim, a palavra estaria mais perto de seu sentido original e teríamos um significado conciso para esse fenômeno.
A ideia maluca, que sustenta o uso de palavras científicas fora do seu lugar, é que haveria um saber unificado que daria conta de tudo. Como se as teorias sobre a relação entre partículas pudessem nos ajudar a entender os seres humanos e seus desejos confusos. Vã esperança.