Linus Pauling foi um gênio da química e teve um papel importante como ativista político. Ganhou dois prêmios Nobel, um como cientista e o Nobel da Paz pela luta contra testes nucleares. Mas ele também ilustra o que se chama de a Síndrome do Nobel: pessoas que usam a fama e autoridade científica para defender ideias excêntricas sem comprovação científica. O grande reconhecimento em uma área não vacina contra ideias malucas.
Foi ele que criou o mito da vitamina C. Depois de desmentido, por experimentos, que ela teria fator protetivo e curativo contra gripes, Pauling dobrou a aposta, essa vitamina curaria o câncer. A teimosia com a vitamina C, que realmente cura e protege contra escorbuto, hoje habita o senso comum.
É falar em gripe e alguém te recomenda limão com mel, ou variações de receitas com cítricos. Aliás, mais um mito, a maior concentração desta vitamina está nas crucíferas e mirtáceas. Fosse o caso, se diria para um gripado: - coma brócolis e goiabas.
A concepção de uma molécula salvadora tem muitos adeptos. Abra a internet e verás que o ômega 3 faz milagres. Ou então o milagre viria da creatina, ou glutamina, ou vitamina D, ou do magnésio quelato… a lista é longa. Também temos o contrário, o grande vilão que estraga tudo. No caso, seria o glúten, a lactose, o glutamato e por aí segue o samba. Geralmente algo que realmente faz mal a um grupo de pessoas e extrapolam para toda população.
Nada mais humano do que simplificar problemas complexos. Somos através de um corpo do qual temos vaga noção de como funciona. Isso nos incomoda, como assim, não entender nada sobre o suporte do meu ser? A ignorância é imensa, achar alguém que saiba a diferença entre uma bactéria e um vírus já é um luxo. É aqui que entram os mitos de dominar, pelo menos alguma coisa, sobre o funcionamento do nosso corpo. Panaceia é um termo usado desde a antiguidade para o anseio do remédio universal.
Esta condição, para a alegria da indústria picareta, produz o encantamento com as vitaminas, os suplementos e os alimentos mágicos que fariam toda a diferença. Existe uma minoria que realmente precisa, mas a maioria quer uma ilusão para seguir comendo como uma criança e não precisar sair da poltrona.
Porém, devo admitir, existem substâncias que isoladamente mudam radicalmente nosso corpo: ricina, estriquinina, cianureto, no caso, para o inanimado.