Uma das possibilidades da inteligência artificial é criar avatares para interação. A imaginação para inventar com quem trocar ideias é o limite. Porém, como os humanos são previsíveis, o uso mais frequente destes robôs é para namorar. Existem vários aplicativos para isso. O usuário escolhe as características de afinidade para seu "par romântico" e vai para o amor.
Como o fenômeno é recente, o impacto do uso desses simuladores de humanos no destino social do usuário não é sabido ainda. Porém, há indícios de que os mais envolvidos e afetados são os homens jovens, incrementando a solidão que já tinham. Eles não casam, entre outros motivos, porque suprem as necessidades emocionais com avatares. Eles são tantos, que os americanos preocupam-se em como isso afetará a economia.
Reserve a informação acima, vamos a outra. O número de homens nas universidades americanas declinou a tal ponto, que para romper o desequilíbrio de gênero, algumas adotaram cotas para homens. Entre as explicações está a saúde mental masculina. Os homens usam mais drogas e se suicidam em maior número. Além disso, as mulheres são melhor preparadas intelectualmente desde o ensino médio.
Uso exemplos americanos porque eles fornecem melhores números sobre as tendências que já temos aqui, ou que virão. A questão é: o que acontece com os homens desta geração?
Eles tem uma falha na identidade masculina, a vigente é anacrônica e a próxima ainda não chegou. Não sabendo o que é ser homem hoje, muitos vão abastecer-se no baú do avô. As ideias cheirando a naftalina os deixam ainda mais isolados e sem software para decifrar suas coetâneas.
Não existe um imperativo de envolver-se emocionalmente com alguém. Dá para viver sem, mas o risco é ficar suscetível a cair no campo gravitacional familiar e viver como um eterno e imaturo filho.
A marca do século passado foi a mulher ganhar vida pública. Talvez o deste seja os homens aprenderem a conviver com isso. Como clínico, escutando os dois lados, constato a imaturidade de muitos jovens homens. Eles não receberam uma educação para o novo momento. Por isso, como seus pais, acreditam que as suas futuras parceiras serão como suas mães, que toleram sua preguiça com a casa, sua ingratidão pelo que recebem e sua grosseria no trato diário. Para aturá-los, pois sem noção do quanto são insuportáveis, só avatares femininos de inteligência artificial.