O conselho é breve, não custa nada e está nas suas mãos: largue ou diminua seu tempo nas redes sociais.
Escutei amigos e pacientes que fizeram um teste consigo mesmos: abandonaram ou dedicaram menos tempo às redes sociais para pensar como se sentiriam. A resposta foi unânime, melhoraram seu humor. Sentem-se com mais tempo para si e estão menos deprimidos.
As redes sociais não são necessariamente um problema, em alguns momentos podem até ser uma solução. Elas facilitam conectar pessoas, quem está viciado nelas apenas está viciado em sociabilidade. Não há nada mais humano do que elas, somos seres sociais, vivemos para o olhar do outro. Vivemos para ser amados e reconhecidos, esta é a "fraqueza" sem cura da humanidade.
Mas as redes sociais podem ser de uma sociabilidade rasa. Por exemplo, quando perdemos muito tempo nela para nos saciar, já é índice de que a qualidade do vínculo é fraca, diluída. Usamos muitas horas para compensar a superficialidade do que ela entrega.
Quem saiu dizia estar estressado, vivendo em uma histeria do presente. Não que fosse uma realidade mentirosa, embora às vezes sim, mas que havia uma sensação de urgência desnecessária. Como se o mundo estivesse sempre acabando e tudo pedisse uma resposta imediata.
A excitação da polarização política invade qualquer lugar, mas nas redes sociais ela se multiplica. A falta de olho no olho, o anonimato, produz comportamentos que não teríamos presencialmente. A rede não raro funciona com a psicologia da massa onde tudo é superlativo, a adesão sem pensar duas vezes, o julgamento sumário e o linchamento. Na turba tudo é intenso, aos empurrões e ao berros. A lógica é binária, amor total ou ódio eterno.
Não se trata de fechar a porta da lojinha, mas de usar a rede com parcimônia
A sensação que escutei dos desistentes era de estarem tornando-se ermitões urbanos. Ou seja, estavam afastando-se de todos, ao mesmo tempo que cercados de pessoas com as quais não interagiam de fato, mas na ilusão que estavam agindo no mundo.
As redes chegaram para ficar, não se trata de um modismo, mas de novas formas de sociabilidade. Prepare-se, outras formas ainda chegarão, não haverá retorno a um mundo anterior apenas presencial. Porém podemos escolher o quanto estar dentro delas.
Nem sempre as redes são apenas para passear entre pretensos amigos e arranjar admiradores, há quem as use profissionalmente e dependa delas para divulgar seus negócios. Aqui ela é vital. Não se trata de fechar a porta da lojinha, mas de usar a rede com parcimônia.
Caro leitor, faça uma experiência, pratique um jejum por uns dias e sinta se o mundo virtual te ajuda ou atrapalha. Talvez você sinta aquela sensação dos tempos da escola, de que "todo mundo" estará na festa e que, se você faltar, será excluído para sempre. Bobagem, descarrilhar da manada não é o fim do mundo e pode ser o começo de outro.Não se trata de fechar a porta da lojinha, mas de usar a rede com parcimônia.