Uma das habilidades mais incríveis do ser humano é encontrar graça naquilo que um dia nos fez chorar. Ver o mundo com essa leveza garante um bom passo no caminho da felicidade, afinal só ri da própria desgraça aquele que já não enxerga as falhas, os erros, as perdas como algo determinante pro futuro.
Superar alguns traumas é como desprender uma corrente pesada que nos impede de ir adiante. De que serve voltar ao passado para chorar ainda mais? Pra que maltratar a si com cobranças do que nunca existiu, das coisas que deixamos de conquistar e da maneira como outros trataram a gente?
É tão bom ser livre pra errar. Uma vez um antigo chefe me disse uma frase que jamais esqueci:
– Erre, muito! Mas erre pequeno.
Esse pensamento faz todo sentido, já que os erros pequenos são aqueles não determinantes do resto das nossas vidas. Óbvio que não tem como dimensionar o tamanho de um erro com tanta maestria, mas mesmo os erros maiores deixam de ser tão importantes conforme o tempo passa.
O tempo é mesmo o melhor remédio – principalmente para a tristeza. E é essa combinação de dias, semanas, meses que vai mudando nossa feição ao lembrar de algo. O que um dia nos fez chorar hoje pode nos fazer sorrir. Não necessariamente um riso de alegria. Estou me referindo àquela lembrança que traz um conjunto de outras sensações além da tristeza, do luto, da perda, da derrota... Porque depois de um tempo a gente se dá conta de que, ao redor daquilo que um dia foi nosso foco central, existia um mundo de outras possibilidades.
Sempre que estamos tristes é porque estamos concentrados demais em algo que não está nos fazendo bem. Distraídos pela própria frustração, esquecemos de olhar pro lado. Na linha temporal da vida de cada um de nós existem pontos de virada – e são tantos!
O passado será sempre mais colorido do que quando a gente estava vivendo aquela parte da vida. É uma habilidade nossa, do ser humano. A maturidade descarrega o peso sobre os ombros e faz compreender que a nostalgia é um sentimento libertador.
Quando a gente ri do passado, na verdade, estamos abrindo um sorriso largo pra nossa alma! É como abrir uma janela de aceitação, de amor e de coragem.