Conhecer a si pode ser doloroso e desafiador. Todo ser humano guarda seus segredos: medos, traumas, histórias que não gostaria de compartilhar com ninguém e pensamentos não tão claros.
A jornada da autodescoberta começa, normalmente, quando a gente faz algo que acharia que seria incapaz de fazer. O primeiro impacto é duvidar de si mesmo. O segundo é trilhar caminhos da própria mente para tentar justificar, encontrar um motivo. Nem sempre ele existe.
Não vou entrar em nenhum assunto delicado. Em nenhuma polêmica, também. Prefiro, aqui, deixar meu instinto escrever palavras que brotam da minha mente com a finalidade de criar um paralelo entre as minhas experiências pessoais e as suas (meu amigo, leitor). Vamos refletir juntos?
Esses dias me olhei no espelho e cheguei a uma conclusão bastante intrigante. A gente passa a vida olhando para os outros. Tão pouco observamos a nós mesmos. Repare bem em como, em várias oportunidades, nos achamos estranhos em alguma foto, vídeo ou com a voz irritante em algum áudio que nós mesmos gravamos e mandamos para alguém.
Temos uma dificuldade de perceber o nosso próprio “eu”. É muito mais simples olhar o outro, tanto que acabamos acostumados com o jeito, a fala, os gestos, os traços das pessoas com quem convivemos. Mas quando o assunto é a gente, a história é outra. Há uma distorção de imagem.
A realidade é que os espelhos revelam tanto, fotos não mentem e os áudios são fiéis a nossa voz. E isso tudo é apenas uma parte. São características externas, fenótipos do nosso ser. O que dizer então das coisas que não são externas e visíveis? Será que a imagem que estamos passando para o mundo é a mesma daquela que a gente imagina ser?
Na busca incessante pela perfeição, ninguém acerta sempre. Na tentativa de parecer algo que não é, o erro é ainda maior. O tombo pode ser muito grande. Um deslize e toda uma construção pode desaparecer.
Injusto? Talvez. Mas em um tempo onde o instante é soberano, um recorte de 15 segundos pode mudar toda a história.
Ainda não sei quem sou. Estou em busca de respostas, ou melhor, de pedaços de múltiplas respostas. Não há ponto final. Não há certeza quando se lida com o amanhã. O grande barato da vida é isso.
E, a cada dia, nessa jornada de descoberta de si mesmo, um novo “eu” poderá nascer. Ou poderá ter sempre estado ali, sem ser percebido, mesmo sendo óbvio.