Este é o primeiro texto publicado nessa minha coluna do jornal Zero Hora. Quis o destino (coincidência?!) que fosse justamente no dia 28 de junho. Para quem não sabe, esse é um dia bem importante na luta pelos direitos de pessoas LGBTQIA+.
Hoje é o Dia do Orgulho. A data ficou marcada na história pela resistência de gays que em 1969, em um bar de Nova York, encurralaram a polícia e começaram uma revolução em busca do reconhecimento de direitos básicos.
Passadas mais de cinco décadas, há muitos avanços. Queria eu ter nascido hoje! Crescer numa sociedade mais aberta, com escolas preparadas e crianças “menos” maldosas. O meu maior trauma da vida era ir para a escola e ser vítima de bullying pelo simples fato de ser gay desde sempre.
Aqui vale um esclarecimento: ninguém escolhe ser gay ou não ser. Mas ao longo da vida a gente é obrigado a escolher entre esconder ou revelar isso ao mundo. É agoniante viver em segredo. Mentir ser quem não é dói.
Com muito orgulho eu, hoje com 33 anos, não preciso mais deixar de falar. Consegui naturalizar muitas coisas e falo com tranquilidade sobre meu noivo, nossos planos de ter filhos um dia. Ainda recebo alguns comentários negativos nas redes sociais (bem poucos!), mas nem preciso responder. Outras pessoas acabam me defendendo.
Esse movimento que a sociedade tem hoje de proteger as pessoas precisa ser elogiado. Ainda há muita gente ruim nesse mundo, mas cada vez mais vemos exemplos de quem antes se calava diante de uma palavra homofóbica e agora reage. Isso é maravilhoso! Repreenda piadinhas sem graça, não pergunte intimidades a alguém LGBTQIA+, não questione o amor e a família dos outros.
Ainda temos muitos desafios. Muitas lutas. É preciso avançar na proteção de direitos, em legislação, em políticas públicas de saúde e de segurança para toda a comunidade gay. A geração de empregos também é uma pauta bem atual.
Eu estou todos os dias na TV, apresentando um telejornal tradicional. Meu talento e habilidade independem do fato de eu ser gay ou não. Mas eu sei da importância de ocupar esses espaços. Só o orgulho supera uma sociedade construída de preconceito.
Nada aborrece mais um homofóbico do que ser confrontado por alguém que não tem vergonha de ser quem é. Orgulhe-se! Sempre.
Dica: nesta sexta-feira (28), às 17h, na Esquina Democrática, tem concentração seguida de uma marcha pra celebrar o orgulho LGBTQIA+, em Porto Alegre.