Via WhatsApp, Facebook, Twitter e outras redes sociais, o Brasil experimentou nos últimos 10 dias uma prévia do que serão as eleições em tempos de fake news. Imagens antigas ou vídeos atribuídos deliberadamente a nomes errados, áudios com falsas entrevistas a meios de comunicação, alarmismos, alertas inexistentes, montagens, trucagens – o que se viu na greve dos caminhoneiros foi um cardápio completo de como as redes são usadas para espalhar desinformação, confundir a população e gerar um caos social e informativo.
É contornando as traiçoeiras areias movediças digitais que os jornalistas precisam se mover para manter o suprimento do precioso bem da informação correta.
Se, em tempos de rotina apaziguada, informação correta e independente já é um bem essencial, em épocas de sobressalto, como a que se vive no Brasil, o trabalho jornalístico baseado na precisão e na verificação de fatos revela-se mais imprescindível do que nunca. Desde a eclosão da greve dos caminhoneiros, os veículos do Grupo RBS se empenharam 24 horas por dia para levar ao público informações exatas e opiniões abalizadas, sem se deixar conduzir por pressões ou paixões exacerbadas que costumam acompanhar momentos de alta volatilidade como esse.
Em meio ao vendaval de acontecimentos, a cobertura da greve e suas consequências exige alto grau de planejamento, agilidade e capacidade de distinguir em minutos fatos verdadeiros da maré de desinformações que inunda redes sociais e grupos de WhatsApp. Sabe-se que boatos e rumores vicejam com especial vigor em ambientes de tensão, acelerados pela difusão instantânea e pelo ímpeto de compartilhar versões que confirmam convicções pessoais. É contornando as traiçoeiras areias movediças digitais que os jornalistas precisam se mover para manter o suprimento do precioso bem da informação correta.
a vacina contra o vírus das fakes news, dos sectarismos e das irracionalidades é mais e melhor jornalismo
Nem sempre a missão de trazer a realidade à tona é bem recebida por representantes dos muitos lados envolvidos em alguma disputa. Ao contrariar interesses, a atividade jornalística profissional é por vezes contestada por setores engajados na fabricação e multiplicação de versões fantasiosas. Em alguns casos, felizmente isolados, desataram-se episódios de intimidação e até de violência física contra jornalistas que estavam cumprindo seu dever de noticiar e ouvir todos os envolvidos. A truculência e a violência jamais poderão ser admitidas como argumentos contra quem usa a palavra e a busca da verdade como instrumentos de trabalho. Com as agressões covardes, tentou-se, no fundo, atingir o direito à livre informação da população e aprofundar a desorientação informativa.
Como ocorre em outros ambientes extremados, a greve dos caminhoneiros demonstrou que a vacina contra o vírus das fakes news, dos sectarismos e das irracionalidades é mais e melhor jornalismo, com apuração precisa, equilíbrio, independência, pluralidade de visões e coragem. É essa postura que os veículos e os profissionais da RBS adotam, em momentos de crise ou não, com o compromisso de que em nenhum instante abdicaremos da nossa responsabilidade de informar corretamente a sociedade.