As prisões do amigo pecuarista José Carlos Bumlai e do senador Delcídio Amaral são dois duros golpes emocionais consecutivos em Lula e no governo, mas não alteram imediatamente o horizonte político do mandato da presidente Dilma. A arena onde se trava neste instante o futuro de Dilma está na Câmara Federal e não em Curitiba. E, desde que Eduardo Cunha se encalacrou de vez, os holofotes se desviaram provisoriamente do Palácio do Planalto. O governo, porém, está longe de poder respirar aliviado diante das alternativas de cenário futuro - nenhuma delas risonha para Dilma. Em qual destas hipóteses você colocaria suas fichas?
VENEZUELANO - É o cenário mais turbulento. As prisões se sucedem, as denúncias pousam no colo da presidente. Com o governo em frangalhos, a economia desanda: a inflação dispara, há fuga generalizada de divisas, o desemprego mais que dobra. No apocalipse bolivariano, escasseiam alimentos nas prateleiras, surge o mercado negro e as ruas se levantam à esquerda e à direita em grandes protestos. Saques e vandalismo viram lugar-comum. O governo é emparedado entre a renúncia e a deposição.
RUPTURA - Mesmo com a série de prisões, as probabilidades de impeachment ou cassação da chapa Dilma/Temer caíram para algo como 30%. Para sobreviver, Eduardo Cunha, que era o principal algoz do governo, precisa do apoio da base de parlamentares aliada de Dilma. Sem a obstinação de Cunha, mais preocupado em salvar a pele no momento, a hipótese de impeachment murchou. Para reativá-la seria necessário surgir alguma evidência concreta do envolvimento direto de Dilma com o mar de lama.
EMPURRANDO COM A BARRIGA - Apesar dos solavancos, ainda é o cenário mais realista. Com os ânimos mais serenados, o governo emplaca pequenas vitórias no Congresso e restabelece um mínimo de governabilidade. A economia segue em recessão ou tem crescimento muito modesto, mas o governo vai se arrastando como pode e, assim, evita o caos econômico e social. Aliados de Dilma fogem do desgaste eleitoral e pulam para fora do barco governista. A oposição faz fila para lançar candidatos a presidente. O PT tem dificuldade de encontrar uma alternativa para Lula. A meta do governo passa a ser chegar vivo a 2018.