Que linda homenagem fez o Breno Serafini a Porto Alegre! As palavras aqui não alcançam dizer com a devida força e a merecida clareza a beleza profunda do livro que ele lançou agora, pela editora Parangolé. Se chama POAlaroides Urbanas, com esse trocadilho já sintetizando o empenho que resulta na publicação: como se fossem as antigas polaroides, fotos de revelação instantânea, o Breno meteu ali um apelido da cidade, PoA. Golaço.
De que se trata: várias dezenas de fotos que ele foi colecionando, sempre com o celular, as ilustrações, as frases, os carimbos pichados pela cidade afora e adentro, no centro e nas periferias. Algumas sem autoria conhecida, outras assinadas, tudo dividido em cinco seções — duas para Visualidades (divididas em verticais e horizontais), verdadeiras pinturas, outras duas apara Poemas no Concreto (também verticais e horizontais), envolvendo palavras, versos, e uma final chamada Carimbos Urbanos, que são essas assinaturas em letras altamente estilizadas.
O livro não teoriza, e sim mostra, reproduzindo, em alta qualidade gráfica, esse universo que nos passa batido, ao qual porém o Breno prestou a devida atenção. Na abertura de cada seção, o Breno escreve um poema, como que para batizar o novo momento e explicar algo do sentido visceral que ali se instaura.
O livro, então, funciona como uma galeria, uma coletânea, um museu, um documento portátil nada menos que genial da cidade e deste tempo. Pode ter certeza que é daquelas publicações destinada a marcar — eu ia dizer a época, mas não, marcar o leitor com um retrato da cidade. Interessados, procurem na livraria mais próxima ou falem lá pro breno@brenoserafini.com.br.
PS: duas semanas atrás, listei neste espaço um conjunto de gente que escreveu sobre Porto Alegre. A ideia era homenagear a cidade. Naturalmente deixei de citar muitos, como meus queridos amigos Arthur de Faria, Frank Jorge, Humberto Gessinger ou Juarez Fonseca, mais Eliane Brum, Claudinho Pereira, Ivette Brandalise, Paulo César Foguinho Teixeira, Marcello Campos, Maria Valéria Resende, assim como gente já falecida, Renato Maciel de Sá Jr., Nilo Ruschel. Não cabia todo mundo. Ocorreu de eu ser criticado pelas ausências: "imperdoável" e "indesculpável" foram termos usados nas redes, sugerindo que teria sido melhor não citar nenhum. Não é um tanto porto-alegre isso, a velha fábula dos caranguejos em ação?