Notícia ruim não falta – aprovação de um criminoso perdão de dívidas pelo Congresso Nacional, permanência da intenção assassina de acabar com fundações de ciência, tecnologia e cultura por Sartori, maré crescente da onda de estreiteza mental por parte de gente que quer censurar arte e pensamento. Xô!
Mas eis que uma notícia muito bacana reponta no horizonte: daqui a três dias, Frank Jorge abrirá o show de Paul McCartney no Beira-Rio. (Uma cena utópica: essa combinação acrescida da presença do Júpiter Apple/Maçã com o Frank, como nos Cascavelletes, e do George Harrison com o Paul – todos cantando Beatle George.)
O Frank é uma das figuras essenciais da cultura pop gaúcha e mesmo brasileira em sua geração. Parceiro em bandas marcantes (Cascavelletes, Graforreia Xilarmônica, Cowboys Espirituais), tem também uma carreira solo da mais alta relevância, como se vê no mais recente CD, Escorrega Mil, Vai Três Sobra Sete.
Nome enigmático? Nos saudosos anos em que convivemos no Sarau Elétrico, ele dizia essa frase, que, se não me trai a memória, era de um professor de matemática, ensinando conta de somar com mais de três algarismos. Experimenta dizer em voz alta.
Eu não paro de repetir no CD player a faixa 5, O Viajante, que está no set list do show com o beatle Paul (bá, imaginar isso, que o Frank vai apertar a mão do autor de tanta maravilha como camarada, irmão de armas, um igual!). Em estilo country rock, abre assim, com uma rima saborosíssima: “Vou ficar em Porto Alegre até sábado / Domingo irei sozinho a Gramado”. Só o Frank Jorge sabe o segredo desses emparelhamentos inusitados e iluminadores.
Imagino o Frank, ao terminar sua parte, enxergar o Paul, já na boca do palco, fazendo coro com a massa para pedir um bis com Amigo Punk. Ameegou punkee, Frank!