Esses dias, conversei com alunas da Fabico, cujo nome não guardei (desculpa aí), sobre os festivais da canção lá dos antiquíssimos anos 60 – época que é, para elas, mais ou menos como os Roaring Twenties são para mim. Desandei a falar, porque gosto do tema e o assunto é bom e continua vivo, quando menos na figura de muitos protagonistas, agora senhores setentões, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Roberto Carlos, tanta gente de tanta qualidade.
Lá pelas tantas, a pergunta: há alguma coisa parecida hoje? Poderia ter dito que há festivais competitivos de música popular em muitas partes, em regra nos interiores do país (nosso Rio Grande amado à frente de todos, acho) e não nas capitais. Mas nada que se compare como síntese de impacto público, caldeirão de invenção, palco de nova geração – e por aí me fui. Mas num aspecto sim há algo parecido: o The Voice do título.
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Não assisto, não gosto daquelas formas sempre emocionalizadas em excesso, cópia trivial e repetitiva de música gospel norte-americana e arredores, muito menos aprecio o esquema dos julgadores bonzinhos que viram tios (a versão Kids, então, é irrespirável). O que há em comum: a imantação da opinião pública diante de um funil que dá palco a poucos, num processo longo. Assim também eram os festivais dos anos 60 – e fim das semelhanças.
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Registro de contraditas: duas semanas atrás comentei sobre o Orçamento Participativo e recebi dois e-mails. Um do Flávio Moreira, jornalista do Gabinete do Prefeito, que garantiu que Marchezan não quer acabar nem desestimular o OP, e pelo contrário há uma meta de aumentar a participação. Fico na torcida.
Outra contradita veio de Hilda de Souza, reivindicando a primazia absoluta de Pelotas, na gestão de Bernardo de Souza, no tema, assim como a muito maior profundidade da experiência pelotense sobre a de Porto Alegre. Gentilmente me ofereceu o livro Todo Poder Emana do Povo – Quanto Tudo Começou (Pelotas: Educat, 2004, 2a. ed.). Discordo da avaliação, mas fica o registro.