Estávamos sentados na sala, diante da tevê ligada, rolando um telejornal. A Dora, sete anos recém-feitos, e eu, depois do banho de cada um e já jantados, aquele ambiente agradável de fim de dia comum. Lá para dentro de casa estavam a Julia e o Benjamim, a Dodó atenta ao jornal, eu dividindo a atenção, porque manuseava um livro, comprado naquele dia mesmo – o prezado leitor, se for leitor usual, imagina agora mesmo o prazer quase sensual de abrir pela primeira vez aquelas folhas, sorvendo discretamente o cheiro e vibrando com o livro em si, sua objetividade, seu peso nas mãos, a força de suas palavras, e com o livro em mim, os efeitos dele na minha imaginação, que antegozava já o passeio que ele me proporcionaria em seguida, uns dias depois, em algum momento enfim.