É comum e vai acontecer ou já rolou com você aí: seu bichinho de estimação vai morrer. A óbvia sensação é a dor da perda. O luto. Muitos pesquisadores focados nesse momento que todos vivenciamos comparam a morte de um animalzinho com a de alguém muito querido. E a explicação é: a relação com um cachorro é simples e amorosa.
Não importa quem você é, ele vai lhe amar. E você, a mesma coisa. Não teremos julgamentos complexos, grandes discussões sobre temas duros da humanidade. Seu cachorro não vai reclamar que você só fala de um assunto, que você é metido e não muda de opinião, e, como ele é muito educado, nem do time de futebol que você o forçou a torcer comprando roupinhas pra cachorro com o símbolo do clube ele reclamará.
Ouvi algo muito bonito de uma professora querida quando Lassie, a primeira cachorrinha que lembro ter na vida se foi. Ela fez uma pergunta pra mim: “Quando foi que você viu a Lassie mais feliz? Foi quando você estava furioso, mal-humorado, ou feliz da vida, brincando e carinhoso?”. A resposta é óbvia.
Mas, há algumas semanas, a perda apareceu aqui em casa de novo. Pabllo, nosso cachorrinho de sete anos, se foi. Múltiplos problemas, dificuldade imensa para respirar e o fim dele veio num meio de tarde. Tínhamos uma missão: informar dois garotinhos, um de seis e outro de quatro anos, que o cachorrinho da vida inteirinha deles tinha “virado estrelinha”. O menor ficou triste na hora. O maior duvidou da informação e saiu de perto.
Estranhamos... tinha sido uma ação fria? Ele não deu bola para a morte de Pabllo? Bom, ele resolveu desenhar. A emoção dele virou um desenho.
Uma espécie de escada que é nosso prédio. Um retângulo com riscos dentro, a TV da sala. Mais abaixo, um outro retângulo menor, com dois carinhas em cima: ele, nosso filho maior, e Pabllo, ao lado. Sendo companheiro de um desenho animado.
Pabllo morreu. E, desde aquele dia, voltamos a realizar a tristeza de um fim de vida e toda a emoção que tem dentro de duas crianças que queremos que amem muitos animaizinhos na longa vida que terão.