Nesta quarta-feira (13), a timeline na rede social X (antigo Twitter) foi lotada por mobilização de colorados convocando os sócios para assinar petição que solicite a antecipação da votação do projeto das debêntures. Para esclarecer o tema, conversei no começo da noite com o presidente do Conselho Deliberativo do Inter, Gustavo Juchem.
O estatuto do clube prevê que os sócios possam convocar uma assembleia a partir da assinatura de 1/25 dos votantes da última eleição (1.187, levando-se em conta os 29.696 que foram às urnas). Porém, assembleia geral, conforme Juchem, só pode tratar de eleições para os Conselho de Administração e Deliberativo, alteração do estatuto ou a descontinuação do clube, ou seja, o seu fim. Não seria possível, portanto, convocar reunião para antecipar a votação das debêntures. Essa é uma prerrogativa do Conselho, e uma reunião para tratar do tema seria possível com 20 assinaturas de conselheiros.
Uma comissão especial foi criada para analisar o projeto das debêntures no final de julho. O prazo de trabalho foi prorrogado em outubro. Segundo Juchem, o prazo final para entrega do parecer é 30 de novembro. Seu plano é levar o texto para votação no Conselho no dia 9 de dezembro, 24 horas depois do último jogo do ano, contra o Fortaleza, no Castelão. Um segunda data seria dia 16 de dezembro.
Porém, Juchem já antecipou para o dia 25 a reunião para votação do orçamento de 2025 justamente para tratar dos temas das debêntures no dia 9. A gestão reclama da demora para que o tema seja encaminhado ao plenário. O plano de Alessandro Barcelos era começar a captar os R$ 200 milhões previstos no projeto ainda em 2024. A ideia, com as debêntures, é trocar dívida de curto prazo, com juros altos, por uma de longo prazo, com juros abaixo dos praticados pelos bancos.
O ponto que só aumenta a fervura política no Inter é que a noite das debêntures também será a votação do parecer sobre práticas de atos de gestão temerária e de falta de transparência pelos atual Conselho de Gestão. A Mesa do Conselho aceitou, através de recurso, requerimento assinado por 154 conselheiros que pediam análise sobre o destino dado aos R$ 108 milhões recebidos da Liga Forte União em 2023.
Mesmo que as contas do último ano tenham sido auditadas por duas consultorias e aprovadas pelos Conselhos Fiscal e Deliberativo, conselheiros de oposição reclamaram da falta de informação sobre o destino dado ao dinheiro. Alegam que, nesse período, a dívida do clube cresceu. A gestão argumenta que todos os documentos foram colocados à disposição dos conselheiros que assinaram requerimento. A única exigência era de que teriam de assinar termo de confidencialidade.
A mesma comissão que elabora parecer das debêntures foi nomeada para produzir documento em que analisa se houve prática de gestão temerária. Segundo Juchem, como os sete conselheiros já haviam analisados as contas do clube para produzir parecer sobre debêntures, estariam com boa parte da análise já feita. A gestão contesta. A comissão é formada, em sua maioria, por conselheiros de oposição. Caso o parecer seja negativo, e o Conselho, em votação, conclua que houve gestão temerária, o atual Conselho de Gestão será destituído e novas eleições serão convocadas. Segundo Juchem, não há sinais de que isso venha a acontecer. O barulho, no entanto, já se faz ouvir nos bastidores do Inter. A promessa é de um fim de ano quente no Conselho.
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