A tranquilidade do campo não reduz a efervescência política do Inter. Na segunda-feira (29), a Mesa Diretora do Conselho Deliberativo publicou resolução em que amplia os poderes da Comissão criada para avaliar gestão temerária e falta de transparência da gestão Alessandro Barcellos.
Em 14 de outubro, um requerimento assinado por 154 conselheiros da oposição pedia essa análise. A resolução de segunda-feira, assinada pelo presidente do Conselho, Gustavo Juchem, amplia a atuação da Comissão Especial e pede a elaboração de um parecer a partir das conclusões de sua investigação.
O prazo dado para finalização desse parecer é 45 dias. Ou seja, expirará quatro dias depois do último jogo da temporada. O Inter, assim, disputará seu lugar no G-4 tendo no seu Conselho mais uma disputa politica encarniçada.
O pedido feito pela oposição é referente ao destino dado aos R$ 108 milhões recebidos da LFU no final de 2023. Integrante da gestão procurado pela coluna garante que esse requerimento já havia sido feito em agosto e setembro, e os dados foram disponibilizados e ficaram à disposição, com a prerrogatividade que deveriam ser mantidos em sigilo. No primeiro, dos 122 assinaram, sete foram ao Beira-Rio acessar os documentos. No segundo, dos 154, cerca de 70 acessaram, sendo 34 da situação.
A representação do requerimento pegou a gestão de surpresa. Mais ainda a concessão de prazo de 45 dias para a comissão elaborar um relatório.
A gestão alega que esses recursos, de 2023, já foram analisados no balanço por auditoria independente contratada e pelo Conselho Fiscal, sendo o balanço aprovado pelo Conselho.
A entrada desse debate na pauta de fim de ano do Conselho acaba por roubar espaço da discussão sobre o projeto das debêntures, que está por ser encaminhado ao Conselho pela gestão. O clube pretende, através dele, atrair investidores que aportariam recursos e teriam retorno com juros pré-fixados menores do que os aplicados hoje pelos bancos. Com a receita, o clube quitaria dívidas bancárias cujos juros comprometeram cerca de R$ 80 milhões, em média, nos últimos três anos.