Os efeitos da eterna disputa política do Inter vão respingar nos planos do clube de aprovar ainda neste ano o projeto das debêntures. A Comissão Especial criada na virada do semestre para analisar o projeto é a mesma incumbida pela Mesa do Conselho de elaborar parecer se houve gestão irregular ou temerária e falta de transparência no uso dos R$ 108 milhões recebidos da Liga Forte União, em novembro de 2023.
A ampliação dos poderes da Comissão Especial atende a requerimento assinado por 154 conselheiros de oposição. Com a necessidade de elaborar o parecer em 45 dias, a Comissão dificilmente conseguirá finalizar a análise do projeto das debêntures em 2024, como projetava a gestão.
Além dos prazos, a abertura de parecer sobre gestão temerária ou irregular e falta de transparência deixa o Inter com a imagem arranhada no mercado e acaba por espantar potenciais investidores. Afinal, quem colocaria seu dinheiro em uma instituição que abriu sindicância interna? O clube pretendia buscar no mercado R$ 200 milhões, garantindo aos investidores o retorno com taxa de juros e prazos de recebimento pré-fixados. Esse dinheiro seria usado para quitar dívidas de curto prazo e com taxas de juros de quase o dobro das adotadas nas debêntures.
A gestão alega que o destino dos R$ 108 milhões já passou pelos crivos de duas auditorias externas, pelo Conselho Fiscal e pela aprovação do Conselho na votação das contas de 2023. Sobre a falta de transparência, diz que todos os requerimentos para análise de documentos feitos pela conselheiros de oposição foram atendidos. O prazo para apresentação do parecer pela Comissão Especial vai até 12 de dezembro, quatro dias depois do último jogo da temporada.