O futebol argentino arde nas últimas semanas com o debate sobre SAF. O presidente Javier Milei deu um ano para a AFA revisar seus estatutos e permitir que os clubes se tornem SADs (Sociedades Anónimas Deportivas).
Em agosto, publicou decreto proibindo punição a quem adotasse o modelo ou se abrisse para a entrada de capital estrangeiro. Milei, todos sabemos, é um ultraliberal.
O ponto é que a AFA é totalmente contra. Com o que conta com o apoio de quase todos os clubes, que defendem o modelo associativo e a manutenção de uma cultura típica argentina, de uma entidade voltada aos sócios não apenas no futebol.
Chiqui Tapia será reeleito presidente da AFA em outubro. Nenhuma outra chapa foi apresentada. Entre seus vices estarão um dirigente do River e o presidente do Boca, o ídolo Riquelme.
Seu mandato será por cinco anos. O ato só reforça a oposição dos clubes ao que pensa a Casa Rosada.
Opositores
O Estudiantes e o Talleres são os únicos clubes da elite a defender a liberação para virar SAF.
O Talleres é um caso de SAD disfarçada. Seu presidente, Andrés Fassi, representa o Grupo Pachuca.
Fassi, nesta semana, esteve na Casa Rosada com Milei. Na passada, acusou o árbitro do jogo de agredi-lo a caminho do vestiário ao final do jogo contra o Boca, no qual caiu nos pênaltis na Copa Argentina.
Fassi reclamava de irregularidade no gol sofrido de empate.
Ex-jogador e investidor
Verón, eleito no fim de 2023 para voltar ao comando do Estudiantes, defende abertamente a entrada de capital externo.
Em entrevista, disse que os clubes argentinos administravam pobreza. Há alguns dias, ele se reuniu em Buenos Aires com o magnata norte-americano Foster Gillet, que já foi acionista do Liverpool.
Gillet havia chegado à Argentina para encontros com integrantes do governo Milei.
O negócio seguiria o modelo alemão, do 50% mais um das ações, porém, sem que o clube virasse uma S/A.
O valor aportado seria usado para contratações, fechamento das esquinas das arquibancadas do estádio recém inaugurado, troca do gramado, instalação de teto retrátil e modernização do CT do clube.
A AFA também é contra essa injeção de capital externo, mesmo que o clube siga majoritário.
No último domingo (15), no clássico com o Gimnasia La Plata, o Estudiantes teve anulado um gol legítimo que daria o 2 a 1.
O jogo acabou empatado. O Gimnasia, aliás, terá uma cadeira no novo comitê executivo da AFA. Justamente a que era ocupada por um membro do Estudiantes.
Enfim, a Argentina ferve na discussão sobre o futuro do seu futebol e as SAFs.