O futebol francês vive uma crise econômica profunda e está à sombra de um colapso financeiro. A saída de Mbappé para o Real Madrid é só a pontinha do iceberg. Em quatro anos, a Ligue 1 foi do maior contrato de TV de sua história para uma situação em que faltam interessados em comprar os direitos para o ciclo 2024-2029. Tudo começou em 2018, com a venda por 1,15 bilhão, por ano, dos direitos de 2020-2024 à catalã Mediapro. Era 60% a mais do que pagava o Canal +, que bancava a festa desde 1984. A Mediapro transmitiria oito jogos e a BeIn catare, dois.
Porém, veio a pandemia. A Mediapro tentou baixar os valores, e o contrato foi rescindido. A Amazon comprou o pacote de oito jogos, pagando 25% do valor. Como a BeIn colocava mais 300 milhões, os clubes embolsaram metade do bilhão catalão. Em 2022, para tentar amenizar a crise, a Ligue 1 vendeu 13% dos direitos de TV para o fundo CVC por 1 bi de euros. No entanto, esse acordo, agora, está sob investigação.
Há dois meses, o presidente da Liga buscou socorro com o presidente francês, Emmanuel Macron, para tentar convencer o Catar a pagar 800 milhões de euros pelos direitos de 2024-2029. Mbappé e o emir do Catar foram recebidos no Palais de l'Élysée. A janta foi boa, o papo, agradável, mas a BeIn avisou que cortou gastos em futebol depois da Copa. O Canal +, consultado, disse que rúgbi e a Premier League dão mais audiência.
A Liga trabalha, agora, com a ideia de um pool de operadores de internet, para criação de um canal a 25 euros por mês. Elas pagariam 500 milhões de euros anuais. A dúvida é se valerá o investimento em uma liga que perdeu Neymar, Messi e Mbappé e viu o PSG ganhar oito das últimas 10 edições.