A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul separará nossa vida em um antes e depois. Pelo vazio que deixou em muitas famílias, pelas cicatrizes que ficarão para sempre. Pagaram os mesmos de sempre, e isso é o que mais agudiza a dor.
Quem deveria zelar pela segurança deles se descuidou, desdenhou da resposta da natureza à agressão que ela vem sofrendo ano após ano. Pagamos um preço caro por apostar em um progresso a qualquer custo, sem planejamento, sem cuidado com o equilíbrio entre o verde e o cinza do concreto, sem medir a proporção entre o que precisa ficar e o que pode ser sacrificado em nome de um progresso que é necessário, mas não a única alternativa.
Ao custo de muito sofrimento, recebemos lições (e estamos recebendo ainda, porque parece não ter fim essa chuva). A principal delas é de que todos nós, eleitores e eleitos, cidadãos comuns e governantes, temos de colocar como prioridade da nossa pauta temas como desmatamento, áreas de proteção ambiental, uso indiscriminado de agrotóxicos, cuidado com leitos de rios e encostas, barreiras naturais.
O Rio Grande que será reconstruído com as verbas que virão na casa dos bilhões precisa ser alicerçado com uma mente verde. Ou fazemos isso, ou estaremos ali na frente chorando nossas vítimas de novo.