Fernando Diniz é um sujeito aferrado às suas convicções. Seus times saem fora da caixa. Jogam desamarrados de conceitos pré-estabelecidos ou posições fixas. Assim, ele ganhou a Libertadores. Assim, ele monta a Seleção Brasileira para encarar a Colômbia, no calor de Barranquilla.
Mesmo que venha de dois resultados ruins, contra Venezuela e Uruguai, Diniz mantém-se fiel às suas ideias. Nada de precaução ou qualquer traço de receio. Vai até o Caribe colombiano em busca da bola e de ditar os rumos da partida com ela.
Será ofensivo como são os adversários desta quinta. Na verdade, será mais colombiano do que os próprios colombianos. Não fosse Diniz sempre assim, poderíamos dizer que ele adotou o modo Valderrama.
O Brasil terá dois laterais agressivos, dois volantes de bola no pé e um quarteto ofensivo que são setas em direção ao gol. Para quem ainda vê o jogo com posições fixas, é quase caso de camisa de força para o técnico usar um 4-2-4.
Só que Diniz tirou as caixinhas do seu time. Todos jogam em todas e em função da bola. Não há jogo posicional, mas um funcional que tem cara de caos organizado. Vini Jr e Martinelli, por exemplo.
Em uma equipe na qual os jogadores guardam suas posições, esperam da bola chegar à sua zona de ação, os dois ocupariam o mesmo lugar. Porém, é possível que os dois, em determinado momento, estejam do lado direito, com Raphinha e apoiados por Rodrygo.
O jogo de Diniz é, vou insistir, onde está a bola. É como se ele criasse minijogos em vários setores do campo, sempre buscando ter mais jogadores do que o adversário. A partir disso é que trama e parte em direção ao gol.
É algo totalmente novo para esses jogadores. Martinelli, por exemplo, faz parte de um dos times mais badalados da Europa deste a última temporada. Porém, com Arteta, ele fica no lado esquerdo. Só sai de lá para receber por dentro e tirar o lateral do lugar.
Vini Jr., com o grande Carlo Ancelotti, é ponteiro-esquerdo, no máximo faz diagonal para arrematar na área. Ou seja, o que Diniz apresenta para eles são movimentos novos. Esse é o risco, de ainda faltar adaptação a esse modelo.
Porém, o risco não parece intimidar Diniz. Dá para perceber até mesmo quando o goleiro sai jogando com o zagueiro, como se faz no futsal, a dois passos do próprio gol.