O temperamento e a segurança que o torcedor do Inter vê em em Rochet no campo também se reproduzem nos bastidores do CT do Parque Gigante. Há apenas 25 dias no clube, o uruguaio virou não só uma liderança técnica, mas também uma voz ouvida dentro do vestiário. Isso desde o primeiro treino.
Mesmo sem conhecer a fundo os novos companheiros, chamou o time e passou orientações. Como se estivesse no clube há muito tempo. Depois, no vestiário, chamou-os para mostrar a forma que deveria ter sido feito em determinada movimentação do trabalho no campo.
Os cinco jogos como titular já haviam mostrado a hierarquia do novo goleiro. Aos 30 anos, com uma Copa do Mundo no currículo e trajetória como capitão do Nacional-URU, onde atuou por quatro anos, o uruguaio tomou conta de uma posição que tinha como dono um dos principais jogadores do time na Era Mano. John vinha de atuações destacadas, mas acabou perdendo o lugar pelo combo que trazia o novo goleiro.
A decisão de fazer a troca se justificou, principalmente, nos últimos três jogos. Principalmente, no disputado em Buenos Aires. Por tudo que viram no curto período de Rochet no Beira-Rio, ninguém que está próximo do vestiário se surpreendeu com sua postura ao tirar de Vitão a cobrança decisiva.
Rochet criou casca buscando seu lugar ao sol. Saiu reserva e pouco conhecido do Danubio para jogar no Az Alkmaar, da Holanda. Havia sido convocado para a seleção sub-20, mas era um reserva em um clube secundário da Capital. Aos 21 anos, encarou a Europa. Ficou três anos no AZ. Foi de terceiro goleiro a titular, com duas participações na Liga Europa. Partiu para a Turquia. Ficou dois anos no Sivasspor. No primeiro, foi titular. No segundo, reserva. Ficou um ano sem atuar e decidiu que era hora de voltar para casa, em busca do sonho de jogar na seleção.
O Nacional recém havia encerrado a era Esteban Conde, que era ídolo do clube e reserva de Muslera na Celeste. O gol estava com o panamenho Luís Mejía. No Uruguai, Rochet era quase um desconhecido. Não demorou para virar titular e referência do time. Em 2021, recebeu a convocação para a Copa América 2021, no Brasil. Maestro Tabárez deixou a seleção, e Diego Alonso chegou com novos planos. Trocar o goleiro não era um deles.
Mas Muslera se machucou dias antes da sua estreia, e Alonso chamou Rochet para uma conversa. Seria com ele o início de sua era. Foi bem e seguiu para a Copa do Catar. Sem se assustar, fez um bom Mundial. O que explica, muito, a segurança que mostrou neste começo no Inter. Trata-se de um jogador de hierarquia.