O Grêmio está na final do Gauchão. Venceu uma decisão e as dificuldades. As que encontrou pelo caminho, e não foram poucas, e as que ele próprio criou. Foram 100 minutos em alta voltagem, com um roteiro cheio de reviravoltas, que mais pareceu filme de ação. Teve lesão, mais uma, de Ferreira, gol do Ypiranga, explosão de ira da torcida com a insistência em escalar Thiago Santos, a virada e uma vitória nos pênaltis que, assim como o jogo, teve reviravoltas e alta tensão.
Foi, acima de tudo, um jogaço. O Ypiranga vendeu muito cara essa derrota. Soube usar a sua vantagem, controlou o tempo e chegou a estar com um 3 a 1 no placar agregado. Porém, o Grêmio mostrou uma força descomunal. Tirou do fundo do seu coração as soluções para chegar à final e seguir no sonho de conquistar seu quarto hexa. Mostrou sinergia com sua torcida, absorveu a energia que ela emanou das arquibancadas e entendeu o que ela queria quando mostrou descontentamento.
O sábado de classificação também teve o batismo oficial de Adriel, 22 anos, e herdeiro de uma linhagem que teve Danrlei e Marcelo Grohe, só para citar os dois mais recentes feitos em casa. O baiano de Ilhéus defendeu dois pênaltis e saiu da Arena incensado e como o herói da decisão.
Por outro lado, a classificação também mostrou a saturação definitiva da torcida com um jogador. Thiago Santos foi colocado no intervalo, esteve envolvido na origem do gol do Ypiranga e saiu 23 minutos depois. Um clima hostil, com vaias a cada toque dele na bola mostrou que a direção, acabado o Gauchão, precisará emcaminhar uma solução para esse divórcio unilateral da torcida com o volante.
Esse tema, porém, acaba se tornando, neste momento, secundário diante da guinada que o Grêmio deu na decisão. O time criou um fim para uma história que parecia conspirar contra ele nesta semifinal. Agora, todas as energias se voltam para uma final, em que terá de volta Carballo, Villasanti e Kannemann, além de um Cristaldo em melhores condições.