Renato começou a esboçar sua nova ideia de jogo depois de Ijuí, quando encarou a estrada de volta da Região Noroeste em um sábado de Carnaval. Depois daquele 0 a 0 dos reservas e dos dois únicos pontos perdidos no Gauchão, usou os quatro dias de folga para montar seu novo Grêmio.
A participação de Vina contra o São Luiz e o recado da direção de que Michael, neste momento, era miragem, convenceram o técnico a moldar a ideia de usar três meias por dentro. Deu tão certo que de Plano B passou a Plano A com estrelinha. Os cinco gols em 27 minutos contra o Novo Hamburgo e a produção ofensiva contra o Campinense mostraram o caminho. O Gre-Nal confirmou que o GPS de Renato estava correto. Houve produção ofensiva, com 14 finalizações (sendo quatro delas a gol). Ou seja, o Grêmio manteve contra um rival de alto quilate aquilo que havia mostrado contra Novo Hamburgo e Campinense.
Mas a estatística que mostra com mais força a estruturação da ideia de jogo está na forma como o time se defendeu. Foram 11 desarmes e, no primeiro tempo, apenas uma finalização concedida ao Inter, numa jogada tramada por Renê e concluída por Bustos. Ou seja, o grande calcanhar de aquiles deste modelo foi corrigido. O Grêmio se defendeu com a bola, passou 60% do tempo com ela nos primeiros 45 minutos e 51% no segundo. Marcou alto para evitar as escapadas em transição do Inter e forçou-o a adotar a ligação direta. Quando perdeu a bola, teve mecanismos para bloquear as construções do adversário.
Há um bom caminho ainda a ser percorrido por Renato. Mesmo que o Gre-Nal tenha sido um teste forte, existem ajustes a serem feitos. Mas são finos, nada que mereça muitas horas de trabalho. Vina e Cristaldo estão na mesma sintonia de Suárez no que diz respeito ao jogo de toques rápidos e ocupação de espaços. Bitello, até pela sua juventude, está um passo atrás nesse ponto. Também precisa apurar mais seus arremates. Porém, como evolui em alta velocidade e consegue se transformar conforme chegam as novas demandas em campo, esse é o menor dos problemas.
O fato é que o Grêmio parece ter descoberto um caminho. Tanto é que já se procura no grupo alternativas que o mantenham caso um dos três meias precise ser sacado ou preservado. É um avanço e tanto para um time que parecia fadado a esperar um outro Ferreira para o lado direito.