Daniel Alves veio para o jogo. E se saiu muito bem. O lateral-direito foi o escolhido pela Seleção para a entrevista coletiva oficial da Fifa na véspera da partida contra Camarões e não deixou ninguém sem resposta. Mostrou que seus 39 anos também estão na clareza das ideias e na capacidade de se posicionar. Esteve longe de ser uma entrevista fácil. Convocação mais questionada de Tite para a Copa, o lateral-direito foi questionado na coletiva sobre estado físico e sobre como reagiu ao ser preterido por um zagueiro contra a Suíça. Também respndeu sobre as contestações que sofre sua presença no grupo aqui no Catar:
— A vida me ensinou que a mente pode colocá-lo onde quiser. Quando você coloca trabalho, dedicação, prazer naquilo que faz, pode te levar a lugares inimagináveis. O que a vida me apresentou agora é estar como parte da Seleção, nesta viagem que será única — disse.
Daniel admitiu que, em quase duas décadas na Seleção, está no seu pior momento em um clube. Vem de uma temporada acidentada e curta no futebol mexicano, no Pumas. Porém, ressalvou que são relações diferentes. E que, no contexto de Seleção, está, aí sim, em um excelente momento físico e técnico.
— A vida sempre premia aquelas pessoas que amam o que fazem, as pessoas que se entregam de corpo e alma na sua missão. Estou colhendo o que plantei por 16 anos. É normal que contestem, pela idade, de não estar no meu melhor momento. Quando se trata de Copa do Mundo e Seleção, não é só estar bem no clube, mas estar na Seleção. É o que tento fazer desde 2003, quando participei pela primeira vez (na sub-20) — disse.
O lateral-direito trouxe bastidores da sua relação com a comissão técnica e como ela se deu neste último semestre, em que seu time, o Pumas, esteve mal, com ele jogando como meio-campista. Numa primeira visita, na Cidade do México, o fisioterapeuta Guilherme Passos e o auxiliar César Sampaio avisaram a Daniel que ele ficaria de fora da lista de setembro. Foi uma conversa franca. Depois, Cléber Xavier, Fábio Mahseredjian e o analista de desempenho Bruno Baquete foram a Barcelona. Assistiram a dois treinos de Daniel com o grupo do Barça B, conversaram com ele e com Rafa Márquez, técnico do Barça B e ex-companheiro do lateral no Camp Nou.
— Quando eles estiveram no México, não estava nas melhores condições. Temos uma confiança criada nesse tempo, que é falar a verdade, não desviar. Eles viram que não estava na melhor condição, tem de estar no melhor momento para estar aqui — admitiu.
Em seguida, o lateral se definiu como um cumpridor de missões. A comissão técnica traçou um objetivo a ser buscado, e Daniel se atirou de corpo e alma.
— Minha missão na Seleção é entregar meu melhor em prol dela. Temos 26 jogadores com capacidade para executar. A cada momento, temos um plano e temos de segui-los. Nos dois jogos em que não estive, nosso time necessitava, na minha posição, melhor defesa, e sou bom no ataque (risos). É preciso saber como o time vai demandar o seu serviço. Minha missão é estar à serviço da Seleção. Se tiver de tocar pandeiro, serei o melhor pandeirista da vida — encerrou o lateral da missão dada, missão cumprida.