O grande desafio de Tite nem está na formação do grupo ou na transformação de jogadores de clubes em nomes de seleção. Quando falo em jogadores de Seleção, me refiro àqueles capazes de vestir sem vergar a camisa do Brasil, que pesa uma tonelada. Isso, Tite conseguiu fazer com sobras neste ciclo de Copa. Tanta sobra que temos nomes de brilhatura que verão os jogos do Mundial pela TV. O que desafia o técnico, mesmo, é saber a medida desta Seleção que ele gestou por quatro anos, com cuidado, muito critério e esmero.
Vamos chegar à Copa, em novembro, tendo disputado mais de 50 jogos desde o tombo para a Bélgica, em Kazan. Apenas um deles contra europeu: contra a República Checa, no longínquo 26 de março de 2019, quando pandemia e coronavírus nem sequer existiam, e a gente vivia lépido e faceiro no velho normal.
Isso, é claro, não tira a avaliação de que, nestes quatro anos, Tite montou uma seleção forte e promoveu profunda renovação, com nomes com caras novas como Raphinha, Paquetá, Vini Júnior, Anthony, Militão e Bruno Guimarães e ascensões como as de Marquinhos e Fred. Porém, vamos descobrir apenas no Catar como será um enfrentamento contra uma França, uma Inglaterra uma Alemanha. Ou uma revanche contra a Bélgica. Isso por culpa da pandemia, que paralisou quase todo o calendário em 2020 e apertou datas das Eliminatórias, pelo fechamento da Europa, com a criação da Nations League, e também por uma dificuldade da CBF em encontrar europeus graduados para nos testar.
Por exemplo, agora, o Brasil está na Ásia, para enfrentar o Japão e a Coreia do Sul, esta pela segunda vez em menos de três anos. Em compensação, estamos escolados e sabemos de cor os movimentos da seleção peruana. Foram sete (sete!) jogos neste ciclo de Copa. Aliás, esse número pode ser igualado pela Argentina, a quem enfrentamos cinco vezes até agora. Temos aquele jogo suspenso pela Anvisa e um Superclássico pendente, fruto do contrato da venda dos amistosos da Seleção, assinado em 2012 e que, felizmente, termina agora, em dezembro. A coluna fez um levantamento sobre contra quem jogamos nos últimos quatro anos.
Com os amistosos contra Coreia do Sul e Japão, são 48 jogos desde a Bélgica, em 2018. A Seleção neste ciclo de Copa fez 72% dos jogos contra sul-americanos. São 35 jogos contra países da América do Sul, sendo sete deles, ou 20%, contra a seleção do Peru.
OS RIVAIS POR CONFEDERAÇÃO
CONMEBOL
35 jogos
Peru - 7
Argentina - 5
Colômbia - 4
Venezuela - 4
Uruguai - 3
Equador - 3
Paraguai - 3
Chile - 3
Bolívia - 3
CONCACAF
4 jogos
EUA
El Salvador
Honduras
Panamá
ÁFRICA
3 jogos
Camarões
Senegal
Nigéria
ÁSIA
5 jogos
Coreia do Sul - 2 jogos
Japão
Arábia Saudita
Catar
EUROPA
1 jogo
República Checa
EM RESULTADOS
33 VITÓRIAS
10 EMPATES
3 DERROTAS*
77 GOLS MARCADOS
17 GOLS SOFRIDOS
*As três derrotas sofridas, foram duas contra a Argentina e uma para o Peru, casualmente, os rivais que mais enfrentamos.