Entre os múltiplos títulos da Era Di Stefano, aquele com o golaço de Zidane em 2002 e a nova enxurrada de conquistas com Cristiano Ronaldo, há um título de Liga dos Campeões pouco lembrado, mas muito importante na história do Real Madrid. Se neste sábado (28) o clube espanhol briga contra o Liverpool, em Paris, pela chance de levantar o principal troféu do futebol europeu pela 14ª vez é por que na metade da contagem apareceram duas caixas com garrafas de champanhe.
A "La Séptma", vencida em 1998, recolocou os merengues em uma relação íntima com o torneio. O lance capital da campanha aconteceu bem antes de Mijatovic (em posição duvidosa) fazer o gol do 1 a 0 sobre a Juventus na final daquele ano. Soa estranho nos tempos atuais, mas o Real era o azarão na final. Os italianos disputavam a taça pelo terceiro ano consecutivo.
Não ser o favorito era uma sensação vivenciada pelos madrilenhos na semifinal. Para conquistar vaga na decisão, passaram pelo Borussia Dortmund, defensor do título. O direito para disputar o hepta foi adquirido no 0 a 0 na Alemanha, após vitória por 2 a 0 na capital espanhola no jogo de ida.
Para que os jogadores pudessem comemorar a passagem à final, a Uefa colocou no vestiário do Westfalenstadion duas caixas com garrafas de champanhe. A gentileza não desceu bem para o capitão Fernando Hierro, quase com dez anos de clube e que sabia o que era ter vencido uma Champions com a camisa do Real somente pelos livros de história. Sedento para ser campeão e conhecedor do tamanho do clube, tirou a chutes as caixas para fora e sentenciou que o grupo só comemoraria o título.
— Foi um momento em que vi o quanto o grupo estava focado. Foi um momento não de festa, mas de alegria. O Fernando Hierro colocou as caixas para fora. Aquele gesto demonstrou o quanto ele e os jogadores estavam focados. Para o decorrer da minha carreira, foi importante, pois vi o que significava jogar em um clube como o Real Madrid — conta Sávio, atacante daquela equipe.
O gol do iugoslavo Mijatovic, com passe de Roberto Carlos, encerrou uma seca de 32 anos sem o clube ser o rei da Europa. Desde a geração de Gento e Di Stefano os merengues não sentiam o gostinho de serem a realeza do futebol do continente. Nunca mais o Real ficou tanto tempo sem colocar suas mãos na “orelhuda”. Nas últimas 23 edições foram mais seis troféus para a abarrotada galeria do Santiago Bernabéu.
— Aquela temporada foi muito importante pelos 32 anos sem ganhar a Champions. Imagina terminar a temporada daquela maneira. Aquele ano e o título estão entre os mais importantes (da história) porque trouxe o Real Madrid ao nível máximo do futebol europeu outra vez — complementa Sávio, presente em outros dois títulos da competição com o Real Madrid.
No sábado, às 16h, Real e Liverpool duelam pelo título da Champions pela terceira vez. Em 1981, também em Paris, os ingleses fizeram a festa. Em 2018, 20 anos depois da história das champanhes, a alegria foi espanhola.