Uma ponte de tensão conecta Córdoba a Porto Alegre. Talleres e Inter parecem travar uma disputa minuto a minuto pelo técnico uruguaio Alexander Cacique Medina. Os dois clubes parecem ter colocado as cartas na mesa, apresentado projetos e listado planos para o técnico.
O Talleres, segundo seu dono, Andrés Fassi, rompeu com seus limites financeiros para mantê-lo. Segundo Fassi, em entrevista à Rádio Continental, de Buenos Aires, a oferta salarial apresentada tornará o uruguaio o segundo técnico mais bem pago do futebol argentino, só atrás de Marcelo Gallardo, cujo contracheque está em padrões dos mais bem pagos aqui do Brasil.
O Talleres espera para esta quarta-feira (22) uma resposta de Medina. Foram três reuniões, uma presencial, no final da última semana, e duas online entre Fassi e o técnico. A primeira delas durou oito horas e abordou ponto a ponto o plano do clube para a temporada em que disputará a Libertadores. A meta de Medina é, depois de dois anos e meio, poder encarar River e Boca de igual para igual e disputar títulos. Neste ano, o Talleres perdeu gás justamente na hora decisiva. Ele quer garantias de reforços. Se a projeção é de saída de oito jogadores, que venham oito do mesmo nível ou melhores.
O Inter, sem a Libertadores como trunfo, oferece um projeto de longo prazo e a chance de poder desenvolver, no Brasil, a mesma construção exitosa que Medina teve no Talleres. Mas será preciso mais do que isso para o convença a se mudar para Porto Alegre. Em Córdoba, o uruguaio é um ídolo e tem autonomia do vestiário para dentro. Conseguiu isso nesses 30 meses em que fez o clube escalar na hierarquia argentina. Sem contar que uma renovação representaria seguir em um ambiente que domina, enquanto o Inter representaria um mundo novo a ser desbravado e dominado.
O que favorece o Inter é que o cenário aqui se assemelha muito àquele vivido em Córdoba. O Talleres é um clube grande em busca de resgate do seu lugar. Córdoba, assim como Porto Alegre, são cidades importantes, regionais e fora do eixo principal. Embora seja a segunda maior do país, Córdoba vive à sombra de Buenos Aires. O mesmo que vivemos aqui em relação a São Paulo e Rio. Isso se reproduz também no futebol, capitaneado lá pelos cinco grandes (Boca, River, Independiente, Racing e San Lorenzo). Mesmo que, pelo menos, três deles estejam em crise e patinando, é neles que está o foco. Os demais orbitam ao redor deles.
Esse cenário talvez ajude o Inter a convencer o Cacique Medina a desembarcar no Beira-Rio. Mas a peleia para conseguir isso é travada minuto a minuto. Nunca Córdoba e Porto Alegre estiveram tão conectadas.