O debate mais acalorado do Uruguai em 2021 respinga grosso no Inter. Óscar Tabárez divide opiniões e provoca uma discussão sem fim que pautará o dia a dia colorado neste final de novembro. Em caso de demissão do técnico da seleção uruguaia, o nome de Diego Aguirre é quase natural para sucedê-lo e assumir a missão de colocar o país na Copa 2022. Dirigentes da AUF (Associação Uruguaia de Futebol) se reuniram no fim da tarde desta quarta-feira em Montevidéu. O local do encontro foi mantido sob sigilo.
Demitir Tabárez é uma decisão que não se toma facilmente. Ele é o cara que reconstruiu a Celeste e resgatou-a das sombras. Montou, a partir de 2006, uma fábrica de jogadores que unem talento e personalidade. Criou processos que conectam a seleção sub-15 à profissional. O menino que começa lá nos infantis segue uma cartilha rígida e vê, nos exemplos de astros como Suárez, Cavani, Godín e Giménez, que ela é o caminho.
Porém, essa máquina celeste emperrou neste 2021. São apenas quatro vitórias em 15 jogos: Bolívia, duas vezes, Equador e Paraguai. Nas Eliminatórias, são quatro derrotas seguidas, o que não acontecia desde a classificatória para a Copa de 1958. O sétimo lugar na tabela tira o sono. Um outro técnico estaria chorando o desemprego na Rambla em um cenário desses. Porém, trata-se do El Maestro. Não é bem assim trocar alguém desse tamanho.
Porém, Tabárez divide opiniões. Há quem defenda sua permanência pelo que fez. Mas há também quem defenda sua saída porque teria se tornado maior do que o cargo. Sua personalidade forte e a pouca comunicação com jornalistas e até mesmo dirigentes da AUF incomodam parte dos torcedores. Há ainda quem vincule Tabárez à questão política do país. Assumidamente de esquerda, ele sempre se declarou admirador de Pepe Mujica, que comandou o país entre 2010 e 2015 e cujo grupo esteve no poder até o ano passado, quando perdeu nas urnas para Luis Lacalle Pou, de centro-direita. Enfim, o tema Tabárez divide o Uruguai. E deixa o 2022 do Inter em suspenso.