A pedra havia sido cantada aqui neste espaço. Seria prudente Tiago Nunes apostar em um meio-campo "made in Eldorado" no Grêmio, com o recuo de Bobsin para a primeira função, no lugar de Thiago Santos, e o alinhamento mais à frente de Matheus Henrique e Darlan. Ganha dinâmica, refino na transição e controle de bola.
Não são jogadores verticais como eram Bruno Guimarães e Léo Cittadini, os dois internos do Athletico-PR campeão da Copa do Brasil, mas podem entregar um jogo mais apoiado. Matheus e Darlan são de características diferentes, jogam mais através do toque de bola do que da velocidade.
Mas podem compensar essa postura menos aguda com uma presença ofensiva maior, que ofereça a Diego Souza, Ferreira e Douglas Costa uma opção de tabela e suporte que evite o lance individual como único recurso. Tiago Nunes sabe da urgência de resultados.
O desconforto da lanterna do Brasileirão só aumenta o vulto causado pela falta de rendimento. O panorama nesta virada para julho faz os jogos contra Juventude e Atlético-GO ganharem peso de decisão.
Novos tropeços significam aumento de pressão e ameaça à estabilidade. Não concordo que um técnico, com menos de 70 dias no cargo, tenha de salvar sua pele em 180 minutos. Mas o futebol brasileiro é a indústria da pressa e adota como medida o resultado, não o trabalho. Tiago precisa vencer para ganhar tempo e a paciência do contexto azul.
A sua parte para isso, ele está fazendo. Escalar Bobsin, Darlan e Matheus no meio-campo é um passo certo. Assim como efetivar Douglas Costa como titular. Ele veio para fazer a diferença, desembarcou como o jogador capaz de mudar o Grêmio de patamar. Precisa fazer dessa teoria uma prática. A noite gelada de Caxias, como aquelas que encarou na Ucrânia, na Alemanha e na Itália, talvez seja um bom cenário para que isso comece a acontecer.