Conheci por dentro a fábrica de talentos do Grêmio em Eldorado do Sul. Posso garantir, depois da visita guiada na fria tarde de terça-feira (25), que o Tricolor, em dois ou três anos, elevará bastante o percentual de 52% de jogadores feitos em casa no grupo principal. Se o torcedor já está animado com o aproveitamento em larga escala deste ano, segure-se na cadeira. Vem bem mais por aí. O prédio de 2,8 mil metros quadrados erguidos na entrada do CT, além das melhorias nas instalações administrativas e o prolongamento que ganhou com um espaço para academia e departamento de saúde fizeram um terreno com oito campos virar uma estrutura de primeira linha.
A visita foi guiada pelo diretor da base, Gustavo Schmitz, pelo diretores Luiz Ferrari e Deco Nascimento e pelo coordenador geral da base, Francesco Barletta. Não há luxo nem requinte no CT, mas muito conforto, estrutura e, o principal para o futebol, funcionalidade. A menina dos olhos está no prédio principal. Ali, ficam refeitório, cozinha industrial e uma sala de jogos para aqueles atletas que não residem no CT. Na parte de trás, interligada, estão os dois pavimentos que abrigam os 20 quartos do alojamento. Os andares são distintos para jogadores mais velhos e mais novos. No primeiro, ficam os caçulas. São 10 quartos, um espaço de convivência com computadores e jogos, sala das psicopedagogas, sala de estudo e até uma lavanderia, estrategicamente instalada para que eles aprendam a cuidar das roupas pessoais. A estrutura é praticamente a mesma no segundo, onde ficam os mais velhos.
Todos os detalhes foram cuidados. Por exemplo: a entrada nesse setor só se dá em catracas com reconhecimento facial. Cada um dos quartos foi batizado com o nome de um dos ídolos formados em Eldorado do Sul. O quarto número 1, por exemplo, é o Marcelo Grohe. O de número 2, Jean Pyerre. Arthur pegou o três. Douglas Costa é o primeiro no segundo piso, o de número 11.
Aliás, meia-atacante recém repatriado nem sonha, mas foi o impulsionador para que a obra saísse do papel. O projeto era um sonho antigo dos dirigentes da base e do presidente Romildo Bolzan Júnior. Porém, a busca quase obsessiva pelo equilíbrio financeiro impedia o investimento. Até que, na metade de 2018, Douglas foi vendido pelo Bayern à Juventus. Rendeu R$ 5 milhões. Esse valor foi definitivo para que Romildo desse sinal verde para que o clube investisse cerca de R$ 8 milhões na construção. Um dinheiro com retorno certo.