Vai levar um tempo para o Inter de Miguel Ángel Ramírez jogar com a naturalidade que o futebol exige. Neste domingo, no 4 a 2 com o Ypiranga, já se viu muitos sinais do que o espanhol pretende implantar.
A aplicação de um novo modelo de jogo requer treino, repetição e, principalmente, a compreensão por parte dos jogadores. Também necessita de peças adequadas e de correções de rumo. Nesta estreia, por exemplo, Edenilson foi posicionado como o camisa 5 organizador do jogo, o cara que pensa e aponta os caminhos. Não é a sua. Tanto que melhorou quando foi avançado para a meia-direita no 4-3-3 adotado pelo novo técnico.
Danilo Fernandes saiu na frente na disputa pela posição. Para uma equipe que usará o goleiro como um a mais na saída pelo chão da defesa, talvez não seja ele o mais adequado. Marcos Guilherme, como extrema pela direita, é só um tampão para o lugar que será de Palacios a partir da próxima semana.
O fato é que o Inter de Ramírez precisará da paciência do torcedor, da compreensão da crítica e de tempo. A primeira amostragem foi de uma equipe que sai jogando com a bola desde trás, que valoriza a posse com trocas de passes e que usa da marcação alta, ocupando o campo de ataque, procurando recuperar a bola o mais perto do gol possível.
Nos primeiros 20 minutos de jogo, foi isso que se viu. Tanto que saiu na frente, com Yuri Alberto. Depois, teve erros comprometedores. Menos de mecânica e muito mais por tomadas de decisões erradas. Levou a virada em duas falhas individuais.
A vitória veio com mudanças no time, como Edenilson em seu lugar, Patrick e Caio nas extremas e, a partir dos 25, Galhardo e Guerrero juntos. O time melhorou e, com mais vigor, cravou um 4 a 2 na estreia de um Ramírez que, mesmo impedido de comandar o time, não se segurou e saiu da arquibancada algumas vezes para passar orientações aos seus auxiliares. Foi uma vitória sobre então líder do Gauchão. Começar assim é importante. Ainda mais que a caminhada será longa.